Seleção ofensiva, mas sem brilho nem criatividade





Que tal uma equipe com três atacantes, todos muito habilidosos, um meia criativo que é um dos melhores jogadores em atividade no país, dois volantes que sabem sair para o jogo, dois laterais super ofensivos, um zagueiro técnico e com capacidade técnica para apoiar o meio-campo? Pois é, essa equipe foi a Seleção Brasileira que estreou ontem na Copa América contra a Venezuela e... empatou em 0 a 0. Veja mais detalhes sobre os times abaixo, na arte de Frederico Ribeiro.

O Brasil mostrou muitas dificuldades para criar e concluir, por mais incrível que isso pareça. O meia criativo, Ganso, me pareceu um pouco desligado e errou passes simples que não costuma errar. Não sou um dos maiores fãs de Robinho, mas ontem ele foi taticamente muito importante, ao voltar para tentar armar o jogo e procurar algumas tabelas. Além do ex-santista, formavam o ataque Pato e a estrela Neymar. Pato não é um jogador de área e, mesmo assim, mostrou uma categoria incrível para matar as bolas e mais qualidade para finalizar. Neymar foi pouco produtivo. Muito habilidoso, mas pouco prático.

Essa situação poderia melhorar com a entrada de um atacante fixo, Fred, mas que continuou a ser pouco acionado pelos jogadores de meio-campo. Lucas também criou expectativa com sua entrada mas também foi pouco objetivo. No meio, o seu xará, Lucas Leiva, se destacou na marcação, mas quando a bola chegava a Ramires, nada de fazer a transição com qualidade. O ex-cruzeirense também estava abaixo de seu nível habitual. Se nem esse arsenal de craques resolveu o problema, a alternativa passava a ser os laterais Daniel Alves e André Santos, melhor atacando do que defendendo, mas também pouco fizeram. E ainda expuseram a defesa, que teve que recorrer a bicos e recuperações para evitar os contra-ataques venezuelanos.

Muito fácil falar que a Venezuela é frágil, que seria goleada, etc, etc. Mas isso é papo ultrapassado. Além de seus próprios defeitos, o Brasil esbarrou em um time que se defendeu com todas as forças e que, hoje, ao contrário do que muitos acham, aprendeu a jogar. Ter atletas em ligas européias era algo inimaginável para os venezuelanos há 15 anos. Mas hoje estão aí Arango e Rondón, entre outros, para comprovar que não era uma mosca tão morta assim que o Brasil pegou ontem.



Para se recuperar, o Brasil precisa ser mais objetivo e menos plástico em alguns momentos. O jogo de Ganso e Neymar flui com mais qualidade quando é prático (sem deixar de ser bonito). Talvez um outro meia (Lucas, de preferência) no lugar de um atacante (Robinho, de preferência) pode dar mais espaço para a criação de Ganso, mais criatividade no meio-campo e mais oportunidades de conclusão aos atacantes. Fred, fixo, pode ser aquele jogador que recebe as bolas para concluir em gol. Com vários jogadores rápidos lhe servindo, pode ser uma opção a ser pensada desde cedo para o jogo contra o Paraguai, que tem uma defesa mais dura.

Não é a maior tragédia do mundo empatar com a Venezuela, especialmente se for levado em conta a evolução deles. Problemático vai ser não conseguir fazer jogar um time cheio de ótimos jogadores.

Foto: Uol

Comentários

  1. Robinho, pra mim, é abaixo da crítica. Acho que o Hulk ali renderia MUITO mais. O Ganso precisa agir como o 10 da seleção e Ramires só funciona num 4-4-2, sendo ele o terceiro volante. Só sabe correr e bater, nem parece o Ramires do cruzeiro.

    O 4-3-3 do Mano esconde os laterais, principalmente o melhor lateral direito do mundo, que deveria ser mais utilizado. Do outro lado do campo, me recuso a comentar sobre um lateral que conseguiu ser reserva do Thiago Feltri durante a série B.


    Aaaah se o Muricy estivesse com a seleção nas mãos...

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  2. Muito bom seu comentário. Eu vi a seleção exatamente como você. Gontijo

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  3. Acho que o Ganso ainda é uma promessa do futebol, deve ter ainda uma sequência de jogos para ser o camisa 10 da seleção. Está ali pois no momento não temos outra opção. Acho sim que ele deve fazer parte do grupo, mas ainda tem que mostrar mais futebol.

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