A história do Cruzeiro na Libertadores - Em 1975, a queda diante dos argentinos na semifinal


O Cruzeiro voltou a jogar a Libertadores em 1975, se classificando para a competição por ter sido vice-campeão brasileiro em 1974, em uma decisão polêmica contra o Vasco, no Maracanã. Apesar de ser apenas a segunda participação cruzeirense na competição, o clube mostrou sua força e mais uma vez chegou à fase semifinal, que naquela época era dividida em dois grupos de três times. Lembrando que, em 1970, o clube poderia ter participado do torneio, como vice-campeão do Robertão. Mas, na época, a CBD optou pela não participação de clubes brasileiros na competição. Entre as alegações, a de que a competição atrapalharia a preparação da Seleção Brasileira para a Copa do México.

Em 1975, na primeira fase, os clubes eram divididos em cinco grupos com quatro times cada. Como era de praxe na época, os representantes do mesmo país começavam juntos a competição e dividiam o grupo com outros dois times de um mesmo país. O Cruzeiro ficou no grupo 3, com o Vasco e com os colombianos Deportivo Cali e Atlético Nacional. Apenas o melhor do grupo seguiria em frente. Em uma chave apertada, decidida por apenas um ponto, o Cruzeiro se deu bem.
Palhinha foi o artilheiro do Cruzeiro na Libertadores de 1975 (Foto: Reprodução)
O time cruzeirense, comandado pelo técnico Hilton Chaves, era uma mescla de ídolos da década passada, como Raul, Piazza e Dirceu Lopes, contratações certeiras como Nelinho e Vanderlei, e revelações da base como Palhinha, Joãozinho, Roberto Batata e Eduardo. Resumindo, foi montado ali o esqueleto do time que conquistaria a Libertadores do ano seguinte.

A estreia azul foi no dia 23 de fevereiro, diante de 53.998 torcedores, contra o Vasco, no Mineirão. O time que foi a campo era formado por Raul; Nelinho, Darci Menezes, Souza e Vanderlei; Piazza, Eduardo e Dirceu Lopes; Roberto Batata (Eli Mendes) (Cândido), Palhinha e Joãozinho. A vitória cruzeirense por 3 a 2 foi suada e conquistada a um minuto do fim. No primeiro tempo, Palhinha fez 1 a 0 e Jair empatou. No início do segundo tempo, Palhinha fez 2 a 1, mas aos 42 minutos, Roberto empatou de novo. Nelinho, aos 44, fez o gol da vitória, cobrando falta.

Também era comum na época a viagem para dois jogos seguidos no país dos rivais de grupo. Em Cali, no estádio Pascual Guerrero, derrota para o Deportivo Cali por 1 a 0, mas, em Medellin, vitória de 2 a 1 contra o Atlético Nacional, com gols de Nelinho e Roberto Batata. Nos dois jogos na Colômbia, a novidade no time foi a entrada do experiente Zé Carlos, que formou o meio-campo com Piazza no primeiro jogo e com Eduardo e Dirceu Lopes no segundo.

Nelinho, um dos maiores destaques do Cruzeiro na Libertadores e em toda a década de 1970

Os jogos do returno marcaram a classificação cruzeirense para a fase semifinal, mas não sem sofrimento. No estádio de São Januário, segurou um empate em 1 a 1 com o Vasco, gol de Vanderlei. Restavam, apenas, os dois jogos contra os colombianos em casa. Quando tudo parecia que estava encaminhado, uma derrota surpreendente, 3 a 2 para o Atlético Nacional no Mineirão, diante de 39.479 torcedores. E olha que o Cruzeiro chegou a fazer 2 a 0, com gols de Palhinha no primeiro tempo. A decisão seria contra o Deportivo Cali. Além de ter que vencer o rival colombiano, o Cruzeiro precisava que o Vasco, já eliminado, derrotasse o Atlético Nacional. Em São Januário, Vasco 2 a 0. No Mineirão, vitória apertada diante de 18.902 torcedores, 2 a 1, gols de Palhinha e Dirceu Lopes, e vaga na semifinal.

Nesta etapa, os cinco classificados se juntaram ao então campeão, o Independiente, que já entrava na semifinal. O Cruzeiro ficou no mesmo grupo de dois argentinos, o próprio Independiente e o Rosario Central, líder do grupo 1. Apenas o líder jogaria a final. No primeiro jogo do grupo, vitória do Rosario no confronto argentino, 2 a 0. O Cruzeiro estreou em casa contra o mesmo Rosario e também fez 2 a 0, gols de Palhinha, diante de 42.500 torcedores, em partida marcada pelo pênalti defendido por Raul. Dois dias depois, uma sexta, 23 de maio, o Independiente visitou o Mineirão e, diante de 46.136 pessoas, também perdeu por 2 a 0, gols de Nelinho e Roberto Batata.

No returno, o Independiente venceu o Rosario por 2 a 0, o que deu ao Cruzeiro a liderança isolada da chave. Mas o desempenho azul na Argentina foi muito ruim. Primeiro, derrota de 3 a 1 para o Rosario, de virada, após o gol de Dirceu Lopes. O destaque do time argentino era Mario Kempes, futuro artilheiro da Copa de 1978 e autor de dois gols nesta partida. A decisão ficou para Avellaneda. Se perdesse por até dois gols, a vaga era cruzeirense, mas o Independiente foi implacável. Fez 3 a 0 e se classificou para a final contra o Unión Española, do Chile. Os argentinos se sagraram campeões após vencer o jogo desempate no Paraguai. 

Confira o primeiro capítulo da série:
1967 - Na semifinal logo na estreia

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