Simonsson, o Ibrahimovic da década de 1950

Atacante sueco fez o primeiro gol da Copa disputada em seu país, marcou na final contra o Brasil e chegou a defender o time de estrelas do Real Madrid do início da década de 1960


Agne Simonsson é um caso raro nesta série que mostro, em parceria com o ilustrador André Fidusi, os jogadores que marcaram o primeiro gol de cada Copa do Mundo. O sueco é o único entre todos estes atletas que não só fez o tento inicial como também balançou as redes na final. E não foi em qualquer Copa do Mundo. Simonsson fez o primeiro gol da única Copa realizada em seu país e, com seus companheiros, levou a Suécia ao seu maior momento na história do futebol: o vice-campeonato de 1958. Sim, ele fez gol contra o Brasil na final. 

Simonsson (abaixo, no traço de André Fidusi) abriu o placar da tranquila vitória da Suécia contra o México, por 3 a 0, no dia 8 de junho de 1958, no Estádio Rasunda, em Solna, distrito de Estocolmo. O gol foi marcado aos 17 minutos de jogo - Simosson fecharia o placar no segundo tempo. Voltou a marcar nas quartas de final, no 2 a 0 contra a União Soviética, e fez seu quarto gol na Copa a dez minutos do fim da decisão, vencida pelo Brasil por 5 a 2. Naquele momento, Simonsson diminuiu para 4 a 2 e entraria para a história como o único jogador que marcou o primeiro e o último gols de uma Copa do Mundo. Mas Pelé, aos 45 minutos da etapa final, fechou a contagem.




Simonsson  não é um jogador qualquer, muito menos um coadjuvante da história do futebol sueco. Tanto que, até hoje, é o nono maior artilheiro da história da seleção de seu país, ao lado de Thomas Brolin (lembram dele?), que também enfrentou o Brasil, mas na Copa de 1994. Simonsson fez 27 gols em 51 jogos pela Suécia entre 1957 e 1967, média de 0,53 gol por jogo - mesma média do maior artilheiro da seleção, Ibrahimovic, que fez 62 gols em 116 partidas.


Confira abaixo os melhores momentos de Suécia 3 x 0 México e, claro, os gols de Simonsson




Medalha de ouro
O atacante também foi chamado de Rei de Wembley, por ter brilhado em amistoso no mítico estádio inglês em 1959, quando fez dois gols na vitória por 3 a 2 contra os donos da casa em um amistoso. O raro feito rendeu uma medalha de ouro para o craque, a Svenska Dagladet, dada ao autor da proeza mais significativa do esporte sueco a cada ano. Só para se ter uma ideia do que isso significa, antes dele, apenas Sven Rydell, em 1931, havia conquistado tal feito como um futebolista. Depois, demorou mais dez anos para outro jogador de futebol levar para a casa a prestigiada medalha, Ove Kindvall. O prêmio é tão pouco comum para o futebol que o último agraciado foi o time sueco que foi semifinalista da Copa do Mundo de 1994. 

Simonsson fez a maior parte da sua carreira em clubes no Orgryte, onde iniciou e encerrou a carreira. Entre as duas passagens pelo clube de seu país natal, defendeu dois clubes espanhóis. Primeiramente, ninguém menos do que o Real Madrid, sem muito destaque no início dos anos 1960. Antes de voltar para a Suécia, jogou pela Real Sociedad, emprestado pelo clube da capital, que era uma máquina na época - o sueco não conseguiu seu espaço. Como treinador, começou a carreira no Orgryte, dirigiu o Hacken, também da Suécia, e encerrou a carreira no Iraklis, da Grécia.

A primeira estrela brasileira
A Copa do Mundo da Suécia foi a primeira a ter um regulamento "normal", com as equipes divididas em seus grupos, todos formados pela mesma quantidade de seleções e nenhum critério bizarro de classificação, com todos jogando contra todos. A Suécia fez uma ótima Copa. Ficou em primeiro no grupo 3, derrotando México e Hungria e empatando com o País de Gales. Nas quartas, eliminou a União Soviética e passou pela Alemanha na semifinal.

O Brasil também chegou invicto à final. No grupo 4, venceu Áustria e União Soviética e empatou com a Inglaterra (o primeiro 0 a 0 da história das Copas). Nas quartas, sofreu para eliminar País de Gales (1 a 0, com golaço de Pelé). Na semifinal e na final, dois 5 a 2, contra França e Suécia, deram ao país seu primeiro Mundial, coroando a geração de Didi, Gilmar, Nílton Santos, Garrincha e Pelé.

Naquela Copa, o marroquino Just Fontaine, que defendeu a França (antiga metrópole do Marrocos), fez 13 gols. Recorde até hoje não superado. 

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