Facundo, raro brilho argentino na Copa do Mundo de 1962


Atacante do San Lorenzo fez o primeiro gol do Mundial, tento que significou a única vitória da Argentina no Chile. Campeão nacional em 1959, Facundo participou da primeira Libertadores


Vice-campeã mundial em 1930, a Argentina demorou a voltar a fazer uma boa campanha em Copas do Mundo. Eliminada na primeira fase em 1934, não disputou os Mundiais de 1938, 1950 e 1954. Quando voltou à Copa, foi eliminada na primeira fase em 1958 levando um vergonhoso 6 a 1 da Tchecoslováquia. Em 1962, se novamente não foi bem, sendo eliminada na primeira fase, pelo menos deixou uma marca. O primeiro gol daquela Copa, na abertura do torneio, no dia 30 de maio, foi feito pela Argentina, mais precisamente por Héctor Facundo.

Facundo fez o único gol da sofrida vitória contra a Bulgária - o solitário tento em sua curta trajetória com a camisa da seleção argentina. Aos 4 minutos de jogo e diante de apenas 7.134 torcedores no estádio El Teniente, em Racangua, o atacante do San Lorenzo estufou as redes, fez 1 a 0 e deu à Argentina sua única vitória naquela competição. Facundo, que tinha 24 anos na época, também jogou a última partida de sua seleção naquele Mundial, o empate sem gols diante da Hungria. Entre os dois jogos, derrota de 3 a 1 para a Inglaterra. Os ingleses terminaram empatados com os argentinos, mas a vitória no confronto direto valeu a classificação no saldo de gols. 

O gol de Facundo (abaixo, no traço de André Fidusi) rendeu uma curiosidade. Apesar das campanhas ruins, a Argentina foi a primeira seleção a ter dois jogadores que marcaram o primeiro gol de uma Copa do Mundo. O outro atleta foi Belis, na Copa de 1934, como já mostrei aqui nesta série em que apresento exatamente estes personagens. 


Facundo, que morreu em 2009, iniciou sua carreira no Racing. Pelo San Lorenzo, foi campeão argentino em 1959, o que permitiu que o atleta participasse da primeira edição da Copa Libertadores, em 1960. O San Lorenzo fez uma boa campanha e chegou às semifinais, quando foi eliminado pelo futuro campeão, o Peñarol, do Uruguai. Facundo ficou no clube até 1963, quando se transferiu para o Huracán.

Confira o gol de Facundo contra a Bulgária na Copa do Mundo de 1962:



Pela seleção, Facundo disputou a Copa América de 1959, no Equador, e foi vice-campeão. O título ficou com o Uruguai e o jogador participou de três jogos, contra Paraguai, Brasil e Equador. Sem Facundo, a Argentina voltaria a fazer uma participação melhor em Copas do Mundo em 1966, quando foi eliminada nas quartas de final diante da Inglaterra.

Brasil, bicampeão com uma mãozinha
Na Copa do Chile, em 1962, a mesma Inglaterra que eliminou a Argentina parou nas quartas de final diante do Brasil. A seleção brasileira, mesmo sem Pelé, que se contundiu na primeira fase, seguiu firme na trajetória rumo ao bicampeonato mundial. Levantou a taça com a técnica apurada dos seus craques, Garrincha em especial, com uma ajudinha considerável do apito e uma bela demonstração de força nos bastidores. Na primeira fase, em jogo decisivo contra a Espanha, os europeus não tiveram um pênalti claro assinalado e um gol anulado sem qualquer sentido. Na final, contra a Tchecoslováquia, Garrincha, expulso contra o Chile na semifinal, estava em campo.

Confira os outros posts da série
1958 - Agne Simonsson (Suécia)
1954 - Milos Milutinovic (Iugoslávia)
1950 - Ademir de Menezes (Brasil)
1938 - Joseph Gauchel (Alemanha)
1934 - Ernesto Belis (Argentina)
1930 - Lucient Lauren (França)

Comentários

  1. Parabéns pela série, bem escrita e ilustrada. E, antes de tudo, bem pesquisada.

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    1. Muito obrigado, Ducca, pela audiência qualificada. Está sendo um prazer vasculhar histórias perdidas do futebol. E é uma honra ter a arte do Fidusi neste trabalho.

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