Galo campeão e o acerto tático de Roger Machado


Acerto tático, conquista de título e quebra de tabu do maior rival. Esses três fatores positivos reúnem o que significou a vitória de ontem, no Independência, do Atlético sobre o Cruzeiro por 2 a 1 que valeu ao Galo seu 44º Campeonato Mineiro. O estadual, que funciona como um laboratório para ajustes e testes para as competições mais importantes da temporada, cumpriu sua função no Atlético, que, com a conquista, segue mais tranquilo em busca de objetivos como a Libertadores e o Brasileirão. Neste post, a análise tática do jogo de ontem e os números que envolveram o confronto entre Atlético e Cruzeiro.



Atlético com o meio reforçado
No Mineirão, no jogo de ida, Roger Machado colocou o volante Adilson em campo no decorrer do segundo tempo. Na quarta, o jogador gaúcho começou a partida contra o Sport Boys, na Bolívia, pela Libertadores, quando alguns titulares estavam no banco. Para mim, o time subiu de produção nas duas ocasiões. Ontem, antes do jogo, já no Horto, colegas da imprensa estavam em dúvida sobre a entrada ou não de Adilson logo de cara. Às 15h, uma hora antes do pontapé inicial, Roger confirmou Adilson no time. Na minha opinião, a chave para a conquista do título.


Adilson reforçou a marcação e deu estabilidade para o meio-campo atleticano

Um leão na marcação, com botes certeiros mesmo no campo de ataque, quando necessário, Adilson estabilizou o meio-campo do Atlético, dando liberdade para as subidas de Elias, protegendo mais os zagueiros e permitindo que as subidas dos laterais fossem mais seguras. Os reflexos foram nítidos ainda no primeiro tempo. O Cruzeiro não conseguiu entrar uma vez sequer na área atleticana e o primeiro gol do Galo saiu a partir de uma bola roubada por Leonardo Silva, prova da marcação avançada e do uso certeiro do contra-ataque. Robinho recebeu a bola, tabelou com Fred e concluiu de dentro da área aos 12 minutos. O gol deu muita tranquilidade para o Atlético.

Defesa fechada
Novamente, um dos destaques do Atlético foi o zagueiro Gabriel, que foi bem no Mineirão e ontem tirou bolas da área atleticana de todas as formas. Isso aconteceu também pelo fato de o Cruzeiro não conseguir concluir de dentro da área e forçar o jogo aéreo. Com peças importantes como Arrascaeta e Rafael Sóbis muito bem marcados, a equipe de Mano Menezes teve dificuldades para chegar ao empate e Victor não foi exigido na etapa inicial.

Roger teve muito mérito na conquista atleticana ao criar alternativas táticas e usar bem o elenco

Com Ábila em campo, o Cruzeiro entrou na área do Galo pela primeira vez aos 7 minutos do segundo tempo. O argentino recebeu de Rafinha e empatou o jogo, em um momento em que o Atlético dava muitos espaços. Essa brecha fez com que o Cruzeiro chegasse mais vezes à área e, na principal chance, Thiago Neves, livre, cabeceou para fora.

Ajuste atleticano
O momento de instabilidade atleticana não foi aproveitado pelo Cruzeiro. Roger colocou em campo Maicosuel na vaga de Otero e Cazares entrou no lugar de Robinho, que naquele momento participava pouco do jogo. Maicosuel seria o jogador para segurar a bola e puxar o contra-ataque e Cazares deveria dar velocidade e qualificar o passe. Roger acertou de novo e pouco depois de entrar, o equatoriano deixou Elias livre para finalizar e fazer o segundo gol. Detalhe: a jogada começou em nova bola roubada, desta vez por Marcos Rocha. O gol confirmou o título e coroou as opções táticas e o bom uso do elenco pelo técnico atleticano.

Elias comemora o gol da vitória: contra-ataque começou com uma bola roubada na defesa atleticana


Tabu quebrado e os números do duelo
A vitória quebrou uma série de oito jogos sem derrotas do Cruzeiro pelo Atlético, que voltou a vencer o rival no estádio Independência depois de três derrotas seguidas - a última vitória atleticana sobre o Cruzeiro no Horto foi em novembro de 2014, na final da Copa do Brasil. Aliás, o Galo atingiu uma marca expressiva neste ano no estádio. Em 10 jogos, são 10 vitórias, com 26 gols marcados e apenas 4 sofridos.

Galo no Horto em 2017: 10 jogos, 10 vitórias, 26 gols marcados e 4 sofridos
Considerando os títulos estaduais desde o ano 2000, o Galo chegou à sua sétima conquista (2000, 2007, 2010, 2012, 2013, 2015 e 2017), igualando a quantidade do Cruzeiro (2003, 2004, 2006, 2008, 2009, 2011 e 2014). A partir de 2010, porém, a vantagem é atleticana, com cinco títulos contra dois do rival.

Criançada em campo e arquibancadas cheias: recorde de público do estádio ontem

A partida de ontem também marcou o recorde de público no estádio Independência desde sua reforma, em 2012. Foram 22.411 pagantes, número que superou a marca antiga, de 2014, também em um Atlético x Cruzeiro, no jogo de ida da final estadual, visto por 22.342 pessoas.

Fotos: Bruno Cantini/ Atlético

No meu canal no YouTube falei sobre o trabalho de Roger no Atlético como um todo nesta temporada. Veja:


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