Atlético x Cruzeiro - rivalidade em alta


Atlético e Cruzeiro voltam a definir um título mineiro depois de três anos e com a rivalidade em alta. Para se ter uma ideia da importância que ambos estão dando a esta taça, os dois pouparam jogadores importantes nos confrontos que tiveram no meio da semana - o Galo foi à Bolívia enfrentar o Sport Boys, pela Libertadores, e o Cruzeiro recebeu a Chapecoense, pela Copa do Brasil, no Mineirão. As duas competições são mais importantes que o estadual, mas isso não impediu que Roger Machado e Mano Menezes tomassem essa decisão. Tem muitas coisas que envolvem o clássico decisivo deste domingo, às 16h, no Independência. Neste post tem um pouco de tudo: tabus, esquemas táticos e opções de jogadores, números e muita história.



Atlético - Esquemas táticos e opções 
Do lado atleticano, basta um empate para levantar a taça. Ciente disso, Roger Machado pode administrar essa vantagem - o que fez bem no Mineirão, no jogo de ida, quando deixou o Cruzeiro ter mais posse de bola, se defendeu muito bem e quase matou a partida no contra-ataque. Claro que as escalações dos dois times vão sair só lá no Horto, mas Roger tem pelo menos duas opções táticas bem definidas.

Uma delas é manter Marlone e Maicosuel no meio-campo, com o primeiro fazendo a composição defensiva pelos lados do campo. Outra é usar Adilson na proteção à zaga, o que reforça a marcação, ajuda os laterais e libera Rafael Carioca e Elias, este especialmente, para as ações ofensivas. No caso, o meio seria completado por Maicosuel ou Otero. Outra alternativa é usar os estrangeiros Cazares e Otero, o que acho que será uma opção para o segundo tempo. Na frente, Fred e Robinho são titulares.

Cruzeiro - Esquemas táticos e opções 
Já Mano Menezes tem que arrumar uma forma de conseguir a vitória, único resultado que dá o título ao Cruzeiro. No jogo de ida da final, optou por não ter um jogador de área e Ábila entrou apenas no segundo tempo. Mesmo contando com um quarteto ofensivo (Rafinha, Thiago Neves, Arrascaeta e Rafael Sóbis), o Cruzeiro não conseguiu entrar na área atleticana e forçou os chutes de longa distância.

O Cruzeiro pode entrar com Ábila, para jogar entre a zaga, e até usar Robinho, que volta de contusão, no meio, mexendo em uma ou duas peças do quarteto que jogou domingo. Tem também a opção de Alisson para o segundo tempo, se quiser velocidade pelas pontas. Na defesa, Dedé pode ser uma surpresa se começar jogando e Ezequiel pode retornar à lateral direita. São alternativas dependendo da forma como a equipe vai jogar.

Tabus
Qualquer clássico que se preze é envolvido por tabus. E não é diferente com Atlético x Cruzeiro. O do momento é favorável à equipe azul, que não perde para o Galo desde 2015. São oito jogos (três empates e cinco vitórias do Cruzeiro), sequência iniciada depois que o Atlético ficou 11 partidas sem perder para o rival (2013 a 2015). No Independência, a última vitória do Galo foi em novembro de 2014, na final da Copa do Brasil (2 a 0). Depois, foram três jogos e três vitórias do Cruzeiro. No geral, no estádio, são 5 vitórias do Atlético, 4 empates e 3 vitórias do Cruzeiro.

Cruzeiro mantém tabu de oito jogos sem perder para o Atlético


Galo venceu pela última vez o rival na semifinal do Mineiro de 2015, no Mineirão

Os campeões do século
A disputa entre os rivais está equilibrada no século 21 e pode terminar empatada no domingo. O Cruzeiro venceu sete edições do estadual (2003, 2004, 2006, 2008, 2009, 2011 e 2014), enquanto o Galo foi campeão seis vezes (2000, 2007, 2010, 2012, 2013 e 2015). O América venceu em 2001 e em 2016, o Ipatinga foi campeão em 2005 e, em 2002, a Caldense levantou a taça em um torneio sem os três clubes da capital.

Se levarmos em conta apenas esta década, a vantagem é do Galo, com quatro títulos contra dois do rival, vantagem que também pode ser levada em conta se tratado da "Nova Era Mineirão", reinaugurado em 2013 (2 a 1 para o Atlético). Desde que o Mineirão foi construído, porém, em 1965, a vantagem é do Cruzeiro, com 25 títulos contra 21.

Quem reverteu vantagens
Considerando as edições do Campeonato Mineiro a partir de 2004, ano em que foi adotado um regulamento idêntico ao deste ano (apenas em 2009 e em 2010 foram realizadas quartas de final), o Atlético, que chega à 11ª final seguida, chegou à decisão com a vantagem de jogar por dois empates (ou uma vitória e uma derrota pela mesma diferença de gols) em 2004, 2009, 2010, 2012 e 2016. Confirmou o título em 2010 e 2012 e reverteu a vantagem do Cruzeiro em 2007 e em 2013 e da Caldense em 2015. O Cruzeiro, por sua vez, tinha essa vantagem em 2005, 2007, 2008, 2011, 2013 e 2014. Foi campeão em 2008, 2011 e 2014 e foi derrotado em 2005 pelo Ipatinga e em 2007 e 2013 pelo Galo.

As finais e os mata-matas no Independência
Os números do Atlético no Independência desde 2012 são muito bons e a primeira taça levantada no local foi a do Mineiro daquele ano. Cinco anos depois, o último jogo do campeonato volta a ser disputado no Horto, o que não significa que outras decisões não tenham sido jogadas lá. A principal delas foi a da Copa do Brasil de 2014 - na partida de ida, o Galo fez 2 a 0 no Cruzeiro e confirmou o título no Mineirão. Contra o próprio Cruzeiro, no primeiro jogo da final do Mineiro de 2013, o Atlético fez 3 a 0. Em 2014, ficou no 0 a 0 também na ida contra o maior rival.

Clássico mais importante já realizado no Independência foi o jogo de ida da final da Copa do Brasil de 2014

O Galo disputou diversas partidas de mata-mata no local, que traz boas recordações para os seus torcedores. Foi lá, em 2013, por exemplo, que eliminou São Paulo, Tijuana e Newell's Old Boys na Libertadores, além do Racing, na mesma competição, em 2016. Na Copa do Brasil do ano passado, o Inter foi eliminado no Horto, assim como o Palmeiras em 2014. Por outro lado, foram quatro decepções: as eliminações em casa na Copa do Brasil para o Goiás (2012) e para o Botafogo (2013) e na Libertadores para o Atlético Nacional (2014) e para o São Paulo (2016). 

Campanhas
O Atlético terminou a primeira fase com a melhor campanha, o que lhe dá o direito de empatar neste domingo para ser campeão. No total, incluindo as semifinais e a ida da final, são 14 jogos, com 10 vitórias, dois empates e duas derrotas. O Galo fez 30 gols (melhor ataque) e levou 10 (segunda melhor defesa). Tem o artilheiro do campeonato, Fred, com 10 gols.

O Cruzeiro, vice-líder da primeira fase, é o único invicto do campeonato. Foram nove vitórias e cinco empates, com 23 gols a favor (segundo melhor ataque) e nove contra (melhor defesa). Seu artilheiro é Ábila, com 5 gols.

Público
Uma coisa é certa neste domingo: vai ter recorde de público no Independência. Já estão garantidos no estádio 22.529 pessoas, sendo que 20.139 compraram ingressos e 2.390 é o número de sócios Galo na Veia Preto ativos. O recorde anterior também pertencia a um Atlético x Cruzeiro, o jogo de ida da final do Mineiro de 2014, com 22.342.

Maior público do Independência foi no clássico da final do Mineiro de 2014: 22.342

Fotos: Bruno Cantini/ Atlético

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