As novidades da Copa do Brasil e as vantagens que viriam com uma ampliação da competição


Imagine o Confiança eliminando o Flamengo e o Horizonte do Ceará desclassificando o Fluminense logo na primeira fase da Copa do Brasil. Ou o CRB desclassificando o São Paulo e o Palmeiras sendo eliminado pelo Sampaio Corrêa na segunda etapa da competição. Com o novo regulamento da competição, que começa hoje, esses resultados, ocorridos com o Flamengo em 2016 e com os demais em 2014, seriam realidade. Na época, todos venceram os jogos de volta e seguiram no torneio.

Agora, com a mudança no regulamento, na primeira fase, a disputa é em jogo único, sempre disputado na casa do clube com menor pontuação no ranking da CBF. O visitante tem o direito de empatar para continuar. Na segunda fase, também em jogo único, o empate leva a disputa para a decisão por pênaltis. A partir da terceira fase, entra em ação o mata-mata tradicional, com gols na casa do adversário valendo como critério de desempate. Na oitavas, a quinta fase do torneio, entram os clubes que estão disputando a Libertadores mais os campeões da Série B, da Copa do Nordeste e da Copa Norte.

Achei as mudanças muito positivas. Dão à competição um peso ainda maior e faz com que os grandes clubes a encarem com força máxima desde o início pelo fato de ser jogo único (para mim, o torneio todo deveria ser com jogo único para decidir a vaga). Hoje à noite, por exemplo, uma vitória da Caldense em casa elimina o Corinthians da Copa do Brasil. Não seria um resultado totalmente absurdo. Jogar em Poços de Caldas nunca foi simples e os clubes de Belo Horizonte costumam ter dificuldades lá. O mesmo vale para o Sport, que vai a Maceió encarar o CSA, para o Coritiba, que enfrenta o Vitória da Conquista, e para o Vasco, que pega o Santos do Amapá. Zebras fazem parte do futebol. Os mineiros que fazem a primeira partida como visitantes são três. O América enfrenta o Atlético do Acre, o Boa pega o São Raimundo de Roraima, ambos hoje à noite, enquanto o Cruzeiro encara o Volta Redonda, campeão da Série D do Brasileirão, na semana que vem. 

Como torneio nacional mais abrangente, a Copa do Brasil ainda poderia crescer mais e usar como modelo a tradicionalíssima Copa da Inglaterra, que reúne mais de 800 times. Claro que os menores entram em fases prévias e os clubes das duas primeiras divisões só se juntam à disputa depois. Na FA Cup, todos os jogos são eliminatórios e os confrontos são definidos por sorteio, assim como o mando. Em caso de empate, jogo de volta com o mando invertido para definir o classificado. Prorrogação e pênaltis acontecerão em caso de necessidade.

O próprio sorteio já movimenta o mundo do futebol na Inglaterra. Não foram poucas vezes que, logo que entraram em cena, por exemplo, Manchester United e Liverpool, os maiores campeões nacionais, se encontraram de cara, enquanto dois times da quarta divisão decidiam uma vaga na mesma etapa. Na minha opinião, uma Copa do Brasil nesses moldes agregaria clubes de todas as divisões nacionais e regionais possíveis, colocaria muitas torcidas e cidades no mapa e ocuparia parte do calendário de muitos times que ficam inativos durante um bom tempo. E ainda contaria com o fator surpresa de um time grande ou favorito sendo eliminado em um jogo único, sem a possibilidade de reverter. Daria mais emoção ao torneio.

O primeiro passo para uma grande Copa do Brasil foi dado quando a competição passou a ocupar uma parte maior do calendário anual, mas ampliar a quantidade de clubes, sem prejuízo do calendário para os times que disputam várias competições, seria muito bom. 


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