Dia de São Victor entra de vez no calendário dos atleticanos


A ideia original, em 2014, era reunir alguns amigos em um bar da região do Horto no dia 30 de maio para comemorar um ano da defesa milagrosa do goleiro Victor no pênalti cobrado por Riascos aos 47 minutos do segundo tempo da partida entre Atlético e Tijuana, no Independência, pela Libertadores de 2013. O que aconteceu, todo mundo sabe. Victor defendeu a bola com os pés, o Atlético se classificou para as semifinais e, posteriormente, conquistou seu maior título. O advogado Angelo Santos ressaltou a importância da defesa para a história do clube e fez exatamente o que planejou. Juntou amigos atleticanos no bar, onde todos viram vídeos e falaram sobre o momento protagonizado por Victor (para saber como foi esse encontro, clique aqui). Instituiu o Dia de São Victor.
 
Atleticanos promoveram procissão ao redor do Independência

 
O tempo passou e a idolatria aumentou. E de uma forma impressionante. Nos últimos meses, vários atleticanos se uniram e a comemoração literalmente bombou. A data virou realmente uma instituição e ganhou um painel no bar Arena do Espeto, próximo ao Independência, com o desenho do ilustrador André Fidusi, outro dos organizadores, e montado por Alexandre Mancini. O "altar", que já virou ponto de peregrinação, foi inaugurado no último sábado, outro 30 de maio, data em que os alvinegros fizeram uma procissão ao redor do estádio e que viram de perto a exibição do filme "Quando se sonha tão grande, a realidade aprende", do cineasta Lobo Mauro, que também tem como tema a defesa de Victor. De quebra, atleticanos ainda doaram agasalhos durante toda a programação. O que foi recolhido será doado para instituições beneficentes. Uma bela ação e uma homenagem legítima, vindo daqueles que formam o maior patrimônio de um clube, a torcida.
 
O painel montado por Alexandre Mancini com desenho de André Fidusi e que já virou ponto de orações dos devotos

 

O publicitário Fernando Gregori, que não participou do primeiro encontro, foi um dos organizadores do segundo Dia de São Victor. E é ele quem relata, abaixo, com bom humor, a emoção, a devoção dos atleticanos pelo goleiro salvador e a alegria de celebrar um momento importante de seu clube de coração.
 
"Dia de São Victor. Não foi milagre

Quando começamos a divulgar o Dia de São Victor, muita gente se irritou. Nos chamaram de hereges, fomos acusados de blasfêmia e até teve quem queria nos apedrejar em praça pública. Essas pessoas não entendiam o que estávamos fazendo. Como não sabiam que o evento já havia acontecido um ano antes, com pouca divulgação e com apenas 30 e poucos devotos presentes em um bar da capital mineira. Esses, sim, foram os hereges, porque não me convidaram. Um ano depois, eu, já devoto, fui chamado para ajudar a organizar o evento. Agora ele seria aberto à torcida e teria um caráter social. Afinal, de que adianta ter um santo se não tem muitos devotos e nem ajuda ninguém?
 E com um post no Facebook, descobrimos que São Victor tem milhares de devotos, fiéis, fanáticos e dispostos a ajudar quem mais precisa. Também, pudera, com aquele pé esquerdo, até ateu passou a ter fé. Vi cego enxergando, mudo gritando gol e paraplégico pulando junto com gente em coma. Todos foram salvos. Todos tiveram seus pecados absolvidos. Todos passaram a acreditar.

Devotos carregam estandarte durante procissão nas ruas próximas ao Independência



Por isso, o dia 30 de maio é tão importante para o atleticano, a ponto de merecer uma procissão, um altar, uma oração. E neste último sábado, 30 de maio de 2015, dois anos após o lance que mudou para sempre os rumos do Galo,o santo finalmente teve sua devida homenagem. Centenas de devotos caminharam rumo ao Monte do Horto para reverenciar este momento. Famílias inteiras vieram atrás da graça. Crianças sabiam de cor o mantra de invocação. Centenas de agasalhos foram doados. Foi uma festa completa, pagã, cristã, budista, evangélica, muçulmana e seja lá em que mais o que ser humano possa ter fé.

Cineasta Lobo Mauro exibiu seu premiado filme durante o evento


E esse povo que criticou o evento, alegando desrespeito, se engana ao dizer que o milagre de São Victor foi defender aquele pênalti aos 47 do segundo tempo. Aquilo foi pura sorte, misturada com a incompetência do Riascos e a competência de um goleiro bem treinado.
O milagre de São Victor, na verdade, é fazer 8 milhões de atleticanos acreditarem de novo, todos os dias. E esse milagre não tem religião no mundo que tire da gente".


O próprio Victor agradeceu o carinho da torcida atleticana

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