Galo é campeão da Recopa de forma sofrida e tem lições a tirar desta conquista para tentar algo mais em 2014


O Atlético não imaginava que teria tantas dificuldades para conquistar a Recopa Sul-Americana. Poderia ter sido mais tranquilo, sem dúvida, mas o time errou demais, correu vários riscos e poderia ter deixado a torcida com o gosto amargo de não ver o clube levantar uma taça que parecia tão próxima. A vitória, na prorrogação, de 4 a 3 contra o Lanús, da Argentina, no Mineirão valeu um troféu que merece ser comemorado, sim, mas além da festa, é preciso tirar lições do jogo de ontem que poderão ser aproveitadas nos meses finais do ano. Afinal de contas, a Recopa não serviu para garantir vaga na Libertadores nem dar um título nacional que tanta falta faz à sala de troféus alvinegra, certo?



O primeiro deslize foi a falta de concentração, fato agravado por um bom motivo, o gol de Tardelli (seu centésimo pelo clube) logo aos 6 minutos. O clima de festa das arquibancadas parece ter entrado em campo e o time tomou o gol de empate dois minutos depois, com Ayala, não colocou a bola no chão, não soube controlar o jogo e a vantagem que tinha, recebeu cartões amarelos de graça e cometeu faltas tolas. Em uma dessas, aos 25 minutos, Santiago Silva fez, no rebote, 2 a 1. O susto, por um momento fez bem e o time colocou a bola no chão e, dessa forma, empatou com Maicosuel, aos 37 minutos. Ou seja, o Atlético tem qualidade técnica suficiente para administrar uma partida. Às vezes, precisa colocar isso em prática com mais eficiência.

Pelo fato de insistir nos lançamentos e na chamada "ligação direta", o Atlético perde a capacidade de armação de jogadas, mas evidencia uma outra questão, a falta de um volante que consiga sair jogando com qualidade. Isso desafogaria o trabalho dos meias, daria um novo ritmo de jogo ao time e ainda ajudaria na construção de jogadas. Pierre foi um monstro ontem em sua principal função, o desarme, mas se Donizete era importante na marcação, nem de longe tinha a mesma eficiência na armação. A alternativa de criação a partir da defesa passa pelos pés dos laterais. Marcos Rocha consegue fazer essa função, tanto que ontem deu o passe para o segundo gol, mas Emerson Conceição tem limitações técnicas que o impedem ter o mesmo aproveitamento.

Com pouca bola no pé e aceitando demais o jogo do Lanús, o Galo não soube aproveitar o contra-ataque, expôs a defesa a riscos (Victor, mais uma vez, foi acima da média e fez sua parte) e conseguiu a proeza de tomar um gol em uma decisão aos 48 minutos do segundo tempo, feito por Acosta. Faltou experiência, maldade e tranquilidade para prender a bola, gastar o tempo e administrar a vantagem. Na prorrogação, o que faltou em vários momentos apareceu. Mais aguerrido e mais disposto, o Atlético, enfim, conseguiu mostrar sua superioridade. Fez 3 a 3 com Luan aos 12 minutos do primeiro tempo e recebeu de presente o quarto gol, o bizarro gol contra de Ayala, no início da etapa final da prorrogação. 

O título veio, o quarto sul-americano (os outros são as Conmebol de 1992 e 1997 e a Libertadores de 2013), e é preciso comemorar e valorizar a conquista, seja ela vinda de forma sofrida ou não. A torcida quer comemorar - e muito - um título nacional, seja a Copa do Brasil ou o Brasileirão, além de confirmar um retorno à Libertadores em 2015. Tem time para lutar por isso, como os pontos altos mostram, inclusive no jogo de ida da Recopa, quando a equipe foi bem. Mas deixa com uma pulga atrás da orelha quando desperdiça chances de matar as partidas ou os campeonatos. Ajustar essa questão é o desafio de Levir.

Foto: Bruno Cantini/ Atlético

Comentários

  1. É por aí, Fred. Indiscutível também que o Atlético precisa se apoiar mais no jogo coletivo e que a força da individualidade deve ser o componente extra. Neste ponto, Ronaldinho teria de voltar a ser no mínimo a sombra do que era para fazer a diferença quando tudo apertar. No resumo da ópera, o Levir tem uma missão dura de equilibrar esse time, cujas limitações só seriam compensadas com uma dose extra de entrega e uma obediência tática impecável.

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