Kocsis, o matador húngaro de final trágico


Um dos destaques da mágica seleção húngara que encantou o mundo entre o final da década de 1940 e o início dos anos 1950, Sándor Kocsis escreveu seu nome na história das Copas e, consequentemente, na do futebol com uma trajetória de brilho e um final trágico. Maior artilheiro de uma edição das Copas até 1954, o atacante é o novo personagem da série sobre os maiores goleadores da história dos Mundiais, com textos meus e arte de André Fidusi.

Para se ter uma ideia do poder de fogo do atacante, Kocsis fez 75 gols em 68 jogos pela Hungria e 153 em 145 pelo Honvéd, clube pelo qual mais se destacou. Mas nada foi mais espetacular em sua carreira do que os 11 gols que fez na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, a única que disputou. A Hungria não levantou a taça, mas o futebol dos magiares ficou para sempre.



O cartão de visitas foi brilhante. Três gols na estreia húngara, o massacre de 9 a 0 contra a Coreia do Sul. Para completar a primeira fase, nada menos do que quatro gols em outro atropelo, o incrível 8 a 3 na Alemanha. Assim, com sete gols em dois jogos, Kocsis fecharia a primeira fase. Nas quartas de final, contra os então vice-campeões mundiais, Kocsis não perdoou. Fez dois na vitória de 4 a 2 contra o Brasil. A Hungria se garantia na semifinal e o atacante fechava a segunda fase com nove gols em três jogos. Uma média espetacular.

Assim como foi espetacular a semifinal, contra o então campeão mundial Uruguai, que até ali jamais havia perdido um jogo na história da Copa do Mundo. A Hungria fez 2 a 0, sofreu o empate e a partida foi para a prorrogação, decidida com dois gols de Kocsis. Os 4 a 2 garantiram a Hungria na final, o jogo trágico para o futebol do país. A Alemanha venceu por 3 a 2, no único jogo que Kocsis não marcou. Com 11 gols, o húngaro seria superado por Fontaine, da França, em 1958, mas mantém até hoje a segunda maior marca em uma edição de Copas.

Confira no vídeo abaixo os gols de Hungria 4 x 2 Uruguai, pela semifinal da Copa de 1954. Kocsis fez os últimos dois gols da partida.


Kocsis defendeu o Ferencváros, time de coração, antes de se transferir para o Honvéd, clube do exército húngaro. Quem defendesse suas cores, não precisava de servir o exército. Como jogador do clube, conquistou quatro campeonatos nacionais e foi campeão olímpico m Helsinque, em 1952, quando fez seis gols em cinco jogos. Em 1956, o Honvéd estava na Espanha, enfrentando o Athletic Bilbao pela Copa dos Campeões, a atual Champions League, quando estourou a Revolução Húngara, quando a população local se rebelou contra o domínio soviético. Foi a senha para que alguns jogadores decidissem não voltar para casa. Kocsis entre eles.

Kocsis voltou a ter destaque como jogador do Barcelona, onde conquistou dois títulos nacionais, duas Copas e a Copa das Feiras, embrião da atual Liga Europa. Em 1965, encerrou a carreira no clube catalão. Nunca mais voltou para seu país natal e morreu de forma trágica em Barcelona, quando, com leucemia e câncer no estômago, se atirou do quarto andar de uma clínica em 1979, com apenas 49 anos. Mas seu nome estaria para sempre na história do futebol.

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