Galo: outra vitória, 100% de aproveitamento, mas ainda em evolução


Dois jogos, duas vitórias, liderança do grupo e triunfo contra o adversário mais complicado da chave. Em uma análise rápida, o início de Libertadores do Atlético é perfeito e dá a entender que o time pode ir longe na competição. Na prática, a equipe ainda carece de ajustes e conseguiu duas vitórias sofridas. Nas duas partidas, 1 a 0 contra o Zamora, na Venezuela, e 2 a 1 contra o Independiente Santa Fé, no Independência, o time mostrou, apesar de ter a mesma base campeã do ano passado, menos vigor. Mas está evoluindo.


Na quarta, apesar do placar apertado, dominou o time colombiano quase durante todo o primeiro tempo, criou quatro chances de gol em 30 minutos e, ao trocar passes com mais constância, soube como evitar chutões, uma das marcas registradas do time em 2013. No segundo tempo, após sofrer o primeiro gol, mostrou poder de reação e controlou o jogo a maior parte do tempo. Nestas duas etapas do jogo, a equipe mostrou evolução, especialmente no setor defensivo, mais organizado e menos exposto, apesar de a falta de um lateral-esquerdo de ofício ainda ser um problema. Como a campanha de 2013 sempre vai ser a sombra, vale lembrar que nos dois primeiros jogos do ano passado, o time tomou três gols. Neste ano, apenas um.

Pierre foi fundamental no esquema defensivo na quarta e até se arriscou no ataque

Por outro lado, o ataque, ponto forte do time, balançou as redes sete vezes em dois jogos em 2013, quatro gols a mais do que neste ano. E talvez esteja ali o setor a ser ajustado. Ronaldinho e Diego Tardelli, duas peças fundamentais do time, ainda não estão 100% e quando está assim, fica difícil a engrenagem. Jô continua a ser a referência no centro da área e um bom definidor. Fernandinho, por sua vez, alterna posições, prende bem a bola e dá opções de jogo sempre, mas em vários momentos seu jogo não se encaixa com os demais atacantes, seja por erros de passe ou por segurar demais a bola. Com Guilherme em campo, o time ganhou em opção de armação e o resultado foi imediato, com um passe perfeito para o gol de Jô. Em outros momentos, faltou ao time "descongestionar", tamanha a insistência em jogar pelo meio do campo. Embolado, pouco produzia. O gol da vitória, de Berola, no fim, saiu na pressão, mas em um lance pelo lado do campo, mesmo sendo a partir de um lateral.
 

O Santa Fé é um time daqueles bem "chatos". Toca muito bem a bola, sempre tem um jogador perto para receber a bola e ataca quando está na boa. E o Galo deu a oportunidade para eles ficaram numa boa. Após um relaxamento nos últimos dez minutos do primeiro tempo, quando o Santa Fé criou três chances e só parou porque Medina foi bem expulso. No segundo tempo, apagões preocupantes, como o passe errado de Tardelli que resultou no gol de Pérez, e um vacilo de Leonardo Silva, quase no final do jogo, que terminou em uma falta perigosa.

Guilherme foi decisivo na quarta e pode ser mais útil em 2014




O Atlético vai enfrentar outros times chatos e que, especialmente em seus domínios, vão ser duros de serem batidos. A torcida, na quarta menos empolgada com a Libertadores do que no início da temporada passada, foi bem ao apoiar Autuori, mas também baixou a bola em momentos em que poderia exercer sua pressão. Os jogadores são os mesmos, mas o jeito de jogar mudou e o processo (lento) de evolução ainda pode demorar. Na quarta deu algumas pistas de que vai melhorar. O time dando respostas mais rápidas a essa mudança de comando vai atrair a confiança da torcida que precisará, mais uma vez, ser parceira. A caminhada pode ser longa.

Fotos: Bruno Cantini/ Clube Atlético Mineiro

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