Clássico evidencia qualidades e defeitos de Atlético e Cruzeiro


O clássico entre Atlético e Cruzeiro na fase classificatória do desinteressante Campeonato Mineiro é, por mais que a rivalidade seja intensa, o que menos vale em todo o ano. O de ontem, no Independência, serviu para que os rivais pudessem ser testados contra um adversário de porte, superior aos demais times do combalido estadual e, até agora, aos dois rivais já enfrentados na Libertadores. O empate sem gols em uma partida marcada pela quantidade incrível de faltas marcadas, como era de se esperar, evidenciou qualidades e defeitos dos dois lados.

Do lado atleticano, a estreia do zagueiro Otamendi foi a melhor notícia. Firme e sem firulas, o argentino fez uma boa partida e diminuiu as preocupações da torcida em relação à zaga, que não terá Réver por alguns meses e terá que contar com o inexperiente Jemerson e o contestado Edcarlos como opções. Apesar da estreia, o Galo sofreu com as bolas aéreas, lance repetido várias vezes pelo Cruzeiro no primeiro tempo, em chances mal concluídas. A falta de um lateral-esquerdo de ofício ainda causa problemas à equipe e por mais que Dátolo se esforce, não é um defensor. Dagoberto caiu pelo lado direito do ataque azul, assim como Ceará, e sempre levou perigo por ali. Apesar das brechas dadas, o sistema defensivo como um todo tem melhorado. Do meio para frente, o time ainda não se encaixou, especialmente porque um dos motores do time, Diego Tardelli, não encontrou sua melhor forma. É ele quem dá opção, tabela e municia Jô e Fernandinho. O time se mostrou menos desorganizado do que nas outras partidas do ano, mas ainda precisa evoluir.
Rodrigo Souza colou em Ronaldinho no clássico (foto: Bruno Cantini/ Atlético)


Com um time mais organizado, o Cruzeiro teve como seu destaque Rodrigo Souza, que já tinha jogado bem contra o América. O volante marcou em cima Ronaldinho e foi importantíssimo para o sistema defensivo. É bom marcador e bom ladrão de bolas, falta aprimorar o passe. Se Rodrigo Souza foi bem, o restante do meio-campo azul jogou abaixo de sua boa média. Éverton Ribeiro sumiu e sobrecarregou Willian e Ricardo Goulart, que deram muitas opções de jogo. No ataque, sem um atacante fixo de área, Dagoberto chamou mais o jogo, mas Marcelo Moreno, no segundo tempo, como já havia acontecido no jogo da Libertadores contra o Garcilaso, pouco participou da partida. O time ficou mais encaixado quando Goulart recuou e Marlone deu mais velocidade ao meio-campo na etapa final. Estruturado, o sistema defensivo do Cruzeiro funcionou, mas ainda mostra carências na lateral esquerda. Egídio deu espaços e foi pouco efetivo no ataque. Com Mayke em campo, Marcelo Oliveira ajustou a retaguarda. Com muitas opções táticas e reservas qualificados, o Cruzeiro mantém a boa regularidade do ano passado. Para testar o time de vez, falta ver a reação em jogos mata-mata.

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