A derrota do Cruzeiro (e do futebol) no Peru e o lado ruim da Libertadores



A estreia do Cruzeiro na Libertadores deste ano é para ser esquecida por um lado, mas lembrada por outro. A derrota em Huancayo , no Peru, para o limitado Real Garcilaso, por 2 a 1, é o motivo a ser deixado de lado, especialmente pela exibição ruim da equipe, principalmente no segundo tempo. O que deve ser lembrado e combatido e usado como exemplo do que não pode ser feito não só em estádios de futebol como em qualquer lugar do mundo, foi a asquerosa, nojenta e vergonhosa atitude de parte dos torcedores peruanos, que imitaram sons de macaco a cada vez que o volante Tinga tocava na bola. Uma cena que causou repulsa em todos os que acompanhavam a partida e que é motivo mais do que suficiente para forçar as entidades que comandam o futebol a tomar providências severas para quem comete esse tipo de ação. Racismo é crime e deve ser punido como tal. 



Além da lamentável atitude de alguns cretinos torcedores, o jogo mostrou o lado ruim da Libertadores. Iluminação péssima, um gramado em condições não muito boas e cercado de forma grosseira por uma espécie de mureta onde era fácil algum jogador se contundir, torcedores passando por um barranco para chegar à arquibancada, um banco de reservas de dar dó e problemas que não dá para qualificar, como a falta de água relatada pelos dirigentes do Cruzeiro. Mais uma prova do tanto que a principal competição sul-americana é subvalorizada pela Conmebol. Passou da hora de o torneio ser disputado apenas em estádios com capacidade de dar condições para torcedores, jogadores e imprensa (que caibam 10 mil ou 100 mil, não importa). E, claro que ela seja vendida como um produto comercialmente interessante, coisa difícil de acontecer enquanto ocorrerem cenas deste tipo e nos acostumarmos a achar normal um jogador bater escanteio cercado de escudos policiais.


O jogo em si ficou em segundo plano, mas é fato que o Cruzeiro desperdiçou no primeiro tempo a chance de garantir a vitória. Fez 1 a 0 com Bruno Rodrigo, de cabeça, em lance que mostrou a fragilidade do time peruano em jogadas aéreas na defesa. Com a bola no pé, o Cruzeiro dominou boa parte do jogo e aproveitou os espaços dados pelo Garcilaso, especialmente pela direita, de onde Dagoberto partiu para acertar a trave no fim da primeira etapa. O time peruano arriscou apenas três chutes de longe, todos defendidos por Fábio, e não soube aproveitar algumas brechas que teve em contra-ataques. Faltou ao Cruzeiro mais objetividade na definição para ampliar o placar ainda na etapa inicial.

O Garcilaso voltou mais ligado no segundo tempo e o Cruzeiro, acuado, dando muitos espaços no meio-campo e deixando Marcelo Moreno muito isolado no ataque. Na base da vontade, o time peruano passou a criar chances mais efetivas e virou o jogo com dois lances de bolas alçadas sobre a área - nas duas jogadas, a defesa falhou e deixou os jogadores peruanos Britez e Rodriguez concluírem livre. Depois da virada, o Cruzeiro deu mais velocidade ao jogo e até chegou mais à área do Garcilaso, mas errou muitos passes e voltou a ser pouco objetivo. Tem time para fazer muito mais. 

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