A aventura da torcida atleticana no Marrocos - Capítulo 3: As dificuldades e problemas enfrentados no estádio e em seus arredores



Depois de espalhar seu canto em vários países da Europa e de dominar as ruas de Marrakesh, tornando comum os gritos de Galo e as camisas alvinegras nas ruas da cidade marroquina, os torcedores atleticanos estavam prontos para o maior jogo da história centenária do clube. Em 18 de dezembro, o Atlético entraria em campo para jogar contra o Raja Casablanca, campeão marroquino, e adversário do primeiro jogo do clube em um Mundial de Clubes. 


O apoio, como já foi visto em outros posts desta série não faltou. A torcida ocupou seu espaço no Grand State de Marrakesh com faixas, bandeiras e muita animação. A história do jogo, uma das maiores decepções da história do clube, todos já sabem, mas pouco foi falado ainda sobre como os atleticanos foram para o estádio, os problemas pelos quais eles passaram e as dificuldades enfrentadas. A impressão que ficou é que a cidade, como um todo, ainda não estava completamente preparada para receber um evento deste porte. As próprias condições de transporte, aliás, eram uma verdadeira loucura. Torcedores do Raja literalmente se empilhavam em carros sem qualquer segurança e passavam por ruas estreitas e com sinalização deficiente para chegar ao estádio.

Torcedores do Raja se amontoam em carro em rua estreita a caminho do estádio

Como se tratava de um jogo com a chancela da Fifa, as habituais barreiras foram colocadas naquele já conhecido raio de dois quilômetros ao redor do estádio. Muitos atleticanos que optaram por usar vans para chegar ao estádio, que fica distante da região central de Marrakesh, desceram dos veículos bem longe do estádio e caminharam por mais de meia hora, inclusive passando por trechos escuros e sem sinalização. Um pouco mais à frente, grades dividiram os torcedores brasileiros e os marroquinos, eufóricos. É válido ressaltar, porém, que o povo local foi extremamente receptivo e simpático. Se excederam em alguns momentos, pedindo camisas e fotos, mas mesmo quando os caminhos pelos quais a torcida passou eram escuros ou estranhos, o que causou certa insegurança, nenhum incidente maior foi registrado.

Torcedores caminharam muito para chegar ao estádio,
passando por ruas escuras

 e mal sinalizadas




A longa caminhada foi um problema para alguns atleticanos, mas a entrada definitiva no estádio foi mais complicada. Vários marroquinos se aproveitaram para entrar junto com um ou outro atleticano na hora de rodar a roleta. Ou seja, um ingresso valeu por mais de um torcedor em campo. Alguns torcedores relataram fatos como a entrega de dinheiro aos responsáveis por passar o ingresso no leitor ótico e rodar a catraca de entrada. Avisados, agentes locais pouco ou nada fizeram. Apenas discretas repreensões.

Dentro do estádio, além da péssima atuação do time, mais problemas. Nada de lugar marcado. Quem chegou antes, escolheu o lugar e quem reclamou recebeu a resposta padrão: "Alguém está no meu lugar". Os organizadores, a turma de colete, nada fez. Para piorar, quem ficou no anel superior do estádio nas fileiras mais baixas, teve que ver o jogo de pé, pois as grades e bandeiras tapavam a visão. No anel inferior, mais problemas. Os bancos de reservas também atrapalhavam a perfeita visão do gramado.

Quem ficou nas primeiras fileiras no anel superior não tinha visão do campo...

.... e quem ficou no anel inferior tinha o banco de reservas na sua frente

Após a partida, arrasados, os atleticanos começavam a tomar o rumo dos hotéis e das demais acomodações. Os torcedores do Raja, eufóricos, brincavam com os brasileiros e, mesmo com a irritação de alguns, nem de longe foram violentos. Chegaram a dizer que "era apenas futebol" ou que "o 'Mineiro' vai voltar ano que vem". Para completar a noite de pesadelo atleticano, alguns que se arriscaram a ficar em restaurantes na região nova da cidade tiveram que esperar terminar um tremendo corre-corre que envolveu torcedores do Raja e do Kawkab, time local. Se dentro de campo a organização do evento pareceu perfeita, do lado de fora não se pode dizer o mesmo.

Confira os outros dois capítulos da série:






















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