Sampaio Correa e Luverdense sobem para a Série B e recolocam Maranhão e Mato Grosso no mapa do futebol brasileiro

No último final de semana, Sampaio Correa e Luverdense garantiram vagas na Série B do Brasileirão de 2014. A informação, em si, pode não ter um significado expressivo, até que, se for feita uma pesquisa, uma importante questão vem à tona. Com a chegada de representantes do Maranhão e do Mato Grosso à segunda divisão brasileira, o futebol nacional começa a descentralizar, pelo menos em suas divisões inferiores. A chegada dos dois quebra um jejum pouco perceptível, mas bem grande, de clubes destes estados na B.

O próprio Sampaio Correa foi o último representante do Maranhão na Série B brasileira, em 2002, depois de participações constantes, mas pouco expressivas. Além do Sampaio, os outros grandes do estado, Maranhão e Moto Club, tiveram participações constantes durante a década de 1990.

No caso do futebol do Mato Grosso, a ausência era ainda mais longa. O último clube do estado a participar da Série B foi o Barra do Garças, em 1995. O clube até participaria em 1996, mas problemas financeiros o afastaram da competição. Portanto, em 2014, o Luverdense vai quebrar um hiato de 19 anos. No caso do Mato Grosso, as presenças na B já eram escassas desde a década de 1990, quando apenas o Operário de Várzea Grande, em 1992, e o Barra do Garças, em 1994 e 1995, participaram.

O caso destes dois estados pode ser estendido a outros tantos que cada vez mais se distanciam das duas principais divisões brasileiras. O Piauí, por exemplo, teve um representante pela última vez em 2000, quando o River jogou a confusa Copa João Havelange, em um dos grupos do Módulo Amarelo. 

Quando a competição passou a ser melhor organizada, em 2001, estados com menor representatividade nacional tiveram representantes. Naquele mesmo 2001, por exemplo, o Espírito Santo tinha Serra e Desportiva e o Sergipe disputou o torneio. Em 2009, o Campinense, da Paraíba, teve uma passagem rápida pela Série B. Já o São Raimundo foi o último representante do Amazonas na B, em 2006.

A descentralização é importante para que o futebol brasileiro se desenvolva em outras regiões, inclusive algumas que, mesmo com estádios na Copa, convivem com o baixo nível técnico de seus clubes, casos de Amazonas e do próprio Mato Grosso. Para que esse crescimento aconteça, as divisões inferiores precisam ter um nível melhor de organização. Depois que a Série C deixou de ser um campeonato em que clubes jogam apenas seis partidas e se transformou em um torneio com mais jogos, clubes que se preparam para o acesso com mais eficiência tendem a ser recompensados. 

Outro fator que favorece o acesso de clubes de regiões com pouca representatividade futebolística é o obrigatório cruzamento com times do Sul e do Sudeste do país. Ou seja, mesma regionalizada no início, a Série C obriga que times do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste meçam forças com as equipes dos demais estados. E aí o mapa do futebol brasileiro tem mais chance de se renovar. A descentralização faz bem.

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