Os julgamentos, as punições e os prejuízos aos clubes e torcedores de bem


As punições e os julgamentos que dominaram parte do noticiário esportivo desta semana mostraram o tanto que o Brasil ainda é atrasado em relação ao assunto. E mais: o tanto que precisa evoluir para mudar o cenário que envolve a ida a um estádio em várias partes do país. Hoje, com brigas, ingressos caros, horários malucos, jogadores na Seleção Brasileiras enquanto o clube está em ação, entre outros fatores, afastam cada vez mais quem adoraria estar vendo seu time de perto nas, digamos, arenas. E muita coisa pode ser melhorada com decisões sóbrias nestes julgamentos e, claro, mudanças na lei.

Vou ser direto. Sou a favor de individualizar as penas. Dois, cinco, dez torcedores brigaram no estádio? Que eles sejam punidos. Não faz sentido punir o clube com a perda de mando de campo se os mesmos torcedores vão voltar ao estádio em que seu time vai jogar, ainda mais se for a 100, 150 quilômetros de sua sede. É o exemplo, por exemplo, dos corintianos que brigaram em Brasília e que podem ver o Timão em Mogi Mirim, no interior de São Paulo. Vale para os vascaínos também, que brigaram no Planalto Central e vão ver jogos em Macaé.

E os sócios-torcedores? Os do Cruzeiro, por exemplo. Foram eles que brigaram no Independência? Então qual o motivo de serem punidos com a transferência de um jogo importante do clube para longe do Mineirão? Será que eles vão se deslocar para um eventual jogo em Ipatinga ou Uberlândia? Sou contra partidas com portões fechados, exatamente porque não acho justo o torcedor que compra um pacote de jogos ou vai com frequência ao estádio ficar de fora por causa de outros.

Também acho rasa a discussão sobre proibições contra torcidas organizadas. Será que todos que fazem parte dessas agremiações brigam, quebram, jogam objetos no gramado e tocam o terror do lado dentro dos estádios? Não é um outro, ou a menor parte? Então que se julgue de forma individual. 

Que seja usado o exemplo de vários países europeus. Algum clube inglês jogou com portões fechados ou a 200 quilômetros de distância de seu estádio? Não. Mas os hooligans e demais baderneiros não vão mais aos estádios. Hoje é permitido ao torcedor de bem acompanhar o jogo com tranquilidade. E quem fez bobagem não pode ir. E não pode porque sabe que, se quiser ir, o bicho vai pegar. Terão leis que lhe causarão tremendo prejuízo, até risco de prisão. 

Ainda na Inglaterra, alguns clubes tomaram posições extremas. O Leeds, recentemente, excluiu do seu estádio um torcedor que atirou um objeto em um goleiro rival. Claro! É muito melhor tirar um torcedor do que a maioria absoluta que não faz qualquer mal. Alguns vão falar que determinados clubes ajudam torcidas e até as financiam. Que o façam, desde que eliminem qualquer um que provoque confusão e que prejudique não só o clube como os demais fãs.

E ainda tem o fato de os julgamentos, que definem penas pequenas, perdas de mandos e outras punições, poderem ser rebatidos com liminares e outros recursos. Em termos de punições a arruaceiros em estádios do país da Copa, o Brasil ainda está na idade da pedra.




Comentários

  1. De acordo totalmente. Punir uma torcida inteira é só um atestado de incompetência ou má vontade para fazer valer a lei para aqueles específicos que a burlam.

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  2. E mais, Fred. Clubes, torcedores comuns, jogadores, imprensa, árbitros e comerciantes perdem. Mas há quem lucre. Torcidas organizadas, que não ganhariam nada com os jogos dos times nos locais de costume, passam a cobrar pelas caravanas e ainda ganham poder político com suas sub-sedes. Tive a oportunidade ver isso nos jogos do Corinthians em Araraquara. Tirar os jogos da verdadeira sede pode beneficiar o autor da infração, da briga.

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