Libertadores sem nenhum time do Rio ou de São Paulo?

 
A Copa Libertadores de 2014 pode ser marcada por um cenário raro em relação à participação brasileira. Com o atual cenário do futebol nacional, existe uma boa possibilidade de nenhuma equipe do Rio de Janeiro ou de São Paulo estar na torneio. Os dois estados, historicamente, sempre tiveram mais representantes na competição e reúnem oito dos considerados 12 maiores clubes do país.
 
O primeiro representante brasileiro já garantido na Libertadores de 2014 é mineiro, o Atlético, atual campeão. O segundo vai ser outro mineiro, o Cruzeiro, muito próximo do título brasileiro e só não confirmado ainda no torneio continental por mera questão matemática. O atual vice-líder do Brasileirão é o Grêmio e o terceiro colocado é o Atlético-PR. Se nenhum time brasileiro conquistar a Sul-Americana, o quarto colocado do Brasileiro garante a vaga no torneio - hoje seria o Botafogo, equipe que tem em seu encalço, por exemplo, o Vitória. A Sul-Americana, por sua vez, tem ainda o Bahia e o Sport na disputa. A última vaga é do campeão da Copa do Brasil. Citando apenas os clubes que não são do Rio ou de São Paulo, estão na briga Grêmio, Internacional, Atlético-PR e Goiás.
 
Enfim, pode acontecer uma combinação que exclua da competição mais importante do continente os dois maiores mercados do futebol brasileiro, onde estão as maiores torcidas e também onde se concentra os maiores investimentos em transmissão esportiva do país. O cenário, claro, deve causar arrepios nos responsáveis pelo setor.
 
Não seria uma novidade uma Libertadores sem nenhum paulista ou carioca. A diferença é que isso aconteceu em uma época em que os investimentos eram bem menores por parte da televisão e a competição, apesar de super importante, não tinha tantos holofotes e nem a audiência televisiva dos dias atuais. A última vez foi em 1997, quando Grêmio e Cruzeiro jogaram o torneio - os mineiros foram bicampeões e a final foi transmitida em TV aberta apenas para Minas Gerais. Em 1989,  os representantes brasileiros foram Bahia e Inter, campeão e vice brasileiros de 1988, e, em 1976, Cruzeiro e Inter. As outras duas vezes foram em situações bem diferentes. A primeira com o próprio Bahia, campeão da Taça Brasil de 1959, e único brasuca na primeira edição do torneio sul-americano, em 1960. Em 1967, o Cruzeiro foi o solitário representante brasileiro na Libertadores.
 
Outros casos diferentes aconteceram em 1986 e em 1988, quando, apesar de ter representantes dos dois estados, não se tratava dos oito grandes. Em 1986, Coritiba e Bangu foram os dois brasileiros e por mais que todos cariocas tenham simpatia pelo time de Moça Bonita, não se trata de nenhum líder de audiência. Mesmo caso do Guarani, que jogou a competição em 1988 ao lado do Sport.
 
Desde quando a Libertadores passou a ter mais representantes brasileiros, em 2000, quando cinco times participaram, nada de passar uma competição sem ao menos um representante paulista ou carioca. Desde 1999, aliás, sempre teve ao menos um paulista. E raríssimas vezes foram aquelas que clubes de outros estados foram maioria. Em 2000, Atlético-MG, Atlético-PR e Juventude jogaram ao torneio, ao lado de Corinthians e Palmeiras. E, em 2009, foi a vez de Cruzeiro, Sport e Grêmio jogarem com São Paulo e Palmeiras.
 
A tendência histórica pode ser mudada para 2014. Em campo, porém, se São Paulo tem oito títulos (São Paulo (3), Santos (3), Corinthians e Palmeiras, um cada), Rio Grande do Sul (Inter e Grêmio, dois cada) e Minas Gerais (três títulos, dois do Cruzeiro e um do Atlético) já têm mais taças do que o Rio de Janeiro, com duas, uma do Flamengo e outra do Vasco. Sinal de novos tempos?
 
 
 

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