Atlético perde em Rosário e vai ter missão complicada no Horto. Dá, mas vai ter que ralar muito.


O famoso clichê "ficou difícil, mas não impossível" anda ressoando na cabeça de todos os atleticanos desde que o juiz chileno Enrique Osses apitou o término da partida ontem, no estádio Marcelo Bielsa, em Rosário. A vitória do Newell's Old Boys por 2 a 0 sobre o Atlético, jogo de ida das semifinais da Copa Libertadores realmente é um placar possível de reverter no Horto, mas que o Atlético poderia ter facilitado a situação se tivesse jogado melhor, isso é fato. O time argentino foi superior e mereceu a vitória. O Atlético jogou bem abaixo do seu nível e não foi competente para concluir as raras chances que criou. Em decisões deste porte, é comum ter poucas chances e, para chegar a uma conquista, é fundamental as converter.

Os maiores receios dos atleticanos recaiam antes do jogo na zaga reserva, formada por Gilberto Silva e Rafael Marques, que tiveram uma atuação melhor do que muitos imaginavam. O que ninguém esperava eram atuações pífias de Ronaldinho Gaúcho e Bernard, duas peças fundamentais para o bom andamento do jogo do Galo. Josué não conseguiu fazer o jogo fluir no meio-campo e Jô, isolado, pouco apareceu. Tardelli, apesar de reclamar de dores, foi quem mais se movimentou e deu opções de jogo, mas foi substituído por Luan, que nada acrescentou. Esses fatores aliados à vontade e ao volume de jogo do Newell's, mais incisivo e mehor em campo, foram decisivos para o resultado.

O time argentino, mais bem postado, soube usar com mais eficiência o toque de bola, coisa que o Galo pouco fez, insistindo em vários momentos nos improdutivos chutões. A defesa do Newell's, setor muito inferior ao restante do time, se atrapalhou na saída de bola em vários momentos, defeito do qual o Atlético não soube tirar proveito.

O Galo deu muitos espaços ao Newell's e Victor apareceu muito bem no primeiro tempo, em chutes de Máxi Rodríguez e Scocco. Mesmo pouco efetivo, o Atlético teve a chance mais clara da etapa inicial, quando Ronaldinho, em seu melhor momento no jogo, deixou Bernard na cara do gol. Livre, o camisa 11 tentou driblar o goleiro Guzmán e deixou a bola nas mãos do arqueiro. Era a tão sonhada chance de fazer um gol fora de casa. Apesar de pior em campo, o balanço do primeiro tempo não foi ruim para o Galo, pois o 0 a 0 era um bom resultado para levar para Belo Horizonte.

O início do segundo tempo deu pistas de que o Atlético poderia fazer uma partida melhor. Com 20 segundos, Ronaldinho isolou uma bola que recebeu de Jô dentro da área. A marcação também melhorou e complicou a saída de bola do time argentino, que errou várias vezes. Mas a impressão foi terra aos 16 minutos, quando Máxim Rodríguez, livre, numa falha de marcação da defesa, fez 1 a 0. Até ali, mesmo com a melhora alvinegra, Victor tinha feito duas ótimas defesas. O Galo murchou e o Newell's acumulou chances, uma delas incrível, com bola na trave, Rafael Marques tirando a pelota deitado com a cabeça e Gilberto Silva dividindo o rebote. Aos 30 minutos, uma rara esperança chegou com o gol de Jô, anulado por um impedimento milimétrico, só capaz de ser conferido na TV e mesmo assim depois de ver várias vezes.

O que estava ruim para o Atlético ficou pior com o gol de falta marcado por Scocco, aos 35 minutos. Victor, que vinha bem, falhou. Armou uma barreira pequena e estava mal posicionado na hora do chute. Newell's 2 a 0, resultado complicado para o Galo. Possível, mas complicado. Atlético vai ter que fazer do Independência um verdadeiro caldeirão, contar com o apoio incondicional e paciente da torcida, saber jogar taticamente, usar o melhor de sua técnica e ter paciência com a esperada cera e catimba do adversário. É a hora de unir a cabeça fria ao coração.

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