Thank you, Paul! A alegria de ver o ídolo em sua cidade


Fã de rock que sou, me acostumei ao longo dos anos à distância dos meus grandes ídolos ou com a dificuldade de deslocamento com a qual eu tive de conviver quando algum desses monstros sagrados passaram a se apresentar no Brasil. Paul McCartney é um desses mitos, desses ídolos que encurtam qualquer distância e que tornam a experiência de poder vê-lo ao vivo um prazer especial. Tive o privilégio de ver, em São Paulo, sua apresentação, em 2010. Mas o fato de receber o beatle em casa mexeu demais. Futebolisticamente falando, era como o time de coração decidir o Mundial Interclubes em seu estádio.

Sempre fui muito curioso em saber a origem desses ídolos que cultuo e tentar entender ainda mais cada nuance daquelas canções que mexem com a minha cabeça, verdadeiros hinos que embalam minha vida. Essa curiosidade foi (e é) a mola propulsora de idas à Inglaterra, berço da maioria dos músicos dos quais sou fã. Pois é, Sir Paul McCartney, visitei sua casa em Liverpool, andei pela Penny Lane, atravessei a Abbey Road e me esbaldei no Cavern Club - e confesso, sonhei em, quem sabe, te ver entrar na sua casa na Cavendish Avenue, em Londres. Mitos são assim, ficam distantes e são praticamente inatingíveis. Indo ao país de origem deles, tentamos ficar mais próximos do universo do ídolo e amenizar a distância. Dá para entender agora qual a emoção de poder sair da minha casa e ir para um show de Paul McCartney na minha cidade?

Luzes e mais luzes durante "Let It Be": emocionante, de qualquer ângulo

O dia 4 de maio de 2013 entrou para a história minha e de milhares de fãs que lotaram o Mineirão. Fui tolo ao imaginar que a emoção de ter visto Paul pela primeira vez, em 2010, diminuiria o impacto da novidade e que as lágrimas de emoção derramadas no Morumbi viessem em menor quantidade desta vez. Engano completo. A abertura, com "Eight Days a Week", já foi a senha para os olhos se encherem d´água. A homenagem a John, "Here Today", e a George, "Something" (abaixo), são de tirar o fôlego. Sim, eu tinha visto isso no Morumbi há quase três anos, mas não dá para passar ileso às canções, ao carisma do artista e ao conjunto visual que te envolve. No caso de "Something", o telão ao fundo do palco exibiu várias fotos do antigo guitarrista, várias delas acompanhado pelo amigo de infância que se exibia com vigor impressionante no Mineirão.
 
 

Paul falou uai e eu achei ótimo, pois sempre curti e falo sem pudor a expressão mais característica da minha terra. Paul veio falar uai e homenageou, com extrema justiça e mega simpatia, quatro fãs que iniciaram a campanha "Paul Vem Falar Uai", que certamente ajudou na vinda do beatle. As quatro garotas subiram ao palco, ganharam autógrafos e, provavelmente, a noite mais inesquecível de cada uma delas.

Simpático, feliz com o que faz e apoiado por uma banda poderosa, Paul faz caretas, rebola, enrola um pouco de português e repete trejeitos que já fez em shows passados e que vai continuar a fazer nos próximos. E daí? Nada melhor do que essa interação do artista com seu público. O show pirotécnico de "Live and let Die" também é esperado. E TODOS querem ver - e rever, se for o caso. Confiram abaixo:



As luzes de celulares embalam "Let It Be", balões e cartazes emolduram "Hey Jude", todos viram criança em "All Together Now" (abaixo) e "Ob-la-di Ob-la-da", os mais românticos curtem "And I Love Her" e os mais roqueiros quase jogam o estádio no chão em "Helter Skelter". A capacidade musical e poética de Paul é escancarada na homenagem "Maybe I'm Amazed", dedicada a ex-esposa Linda, e "The Long and Winding Road".


Os Wings, banda de Paul nos anos 1970, são representados não apenas no gesto de unir os polegares em forma de asa, mas no repertório de primeira linha que inclui "Band on The Run", "1985" e "Mrs Vanderbilt", que fez o público cantar mesmo depois do fim da música, o que impulsionou Paul a repetir o refrão, nitidamente satisfeito com a interação. Daqui a pouco mais de um mês, Paul vai completar 71 anos. Mas passa a certeza de que pode fazer vários shows longos como o de BH, com cerca de 2h40, sem repetir músicas e, ainda assim, reunir um set list de clássicos. Ok, vou ser justo: já tinha visto um beatle em BH, Ringo Starr, em 2011, foi muito bacana, mas não dá para comparar o peso artístico deles e os espetáculos em si. Paul é simplesmente o maior artista que a cidade já recebeu e escancarou as portas da cidade para espetáculos deste tamanho. 

Como sempre, pérolas para os fãs que sempre esperam algo mais também estiveram lá e agregaram muito ao show. A mesma guitarra usada na gravação, em 1965, estava em cena na execução de "Paperback Writer". Duas preciosidades do álbum "Sgt Pepper´s Lonely Hearts Club Band" enriqueceram a apresentação, "Being For The Benefit Of Mr. Kite" e "Lovely Rita". Na capa desse disco, lançado em 1967, bem ao lado direito, no canto, uma boneca está vestida com uma camisa na qual se lê: "Welcome The Rolling Stones".... Seria uma premonição?


Mais textos sobre os Beatles no blog:
Em breve: Passos dos Beatles em Londres!


Autores dos vídeos no youtube: Jorge Barbosa e Higortm

Comentários

  1. Em breve: Passos dos Beatles em BH! - seria uma premonição?

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  2. Exatamente, Fred! Assino embaixo! Espetáculo, fantástico, coisa de outro planeta! E na torcida para que as pedras rolem por aqui!

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  3. Emocionante a sua crônica, Frederico! Me deu vontade de estar lá!

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  4. Parabéns pelo texto Fred! Além do hobbie das camisas temos em comum o amor incondicional pelo rock. Você descreveu muito bem a emoção do luxo de sair de nossas próprias casas e assistir um mito em nossa cidade. Sim, lágrimas rolaram diversas vezes. Como negar a emoção por uma obra que reúne varias gerações? Me senti mais perto de Lennon e de Harisson. Por tudo, obrigado Paul!! Viva Beatles!!! Viva a música!!

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  5. Muito bom, Jota!
    E que venham os quase setentões dos Stones!
    Abraço!

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