Atlético atropela São Paulo em dia de show e acertos técnico e tático no Independência


Um lance de perigo aos dez segundos, uma bola na trave aos dois minutos, um time pilhado (no bom sentido) e concentrado, um primeiro tempo que fechou 1 a 0 mas poderia ter sido três ou quatro. E, ainda, a eliminação de um adversário tradicional da Copa Libertadores, uma vitória por 4 a 1 (que poderia ter sido seis ou sete) regada a uma interação espetacular com a torcida e com direito a lances de habilidade suprema de um gênio da bola. Essas poucas linhas resumem um pouco do que foi a vitória do Atlético sobre o São Paulo, ontem, no Independência, partida que valeu a classificação do time mineiro para as quartas de final da competição. 


Ronaldinho protagonizou lances geniais e Jô fez 3 gols em noite especial

O Galo atropelou o São Paulo e reuniu, em uma partida, o que de melhor pode apresentar. Uma equipe sólida, arrasadora ofensivamente, muito aplicada taticamente, um grupo unido e com boas opções no banco de reservas. E o mais importante - e que faltou ao clube em vários momentos de sua história recente: jogadores com capacidade de decidir partidas. Quando todos esses fatores se unem, aliados à parceria da torcida e ao fato de saber jogar no Independência, realmente fica difícil vencer o time de Cuca.

A euforia da torcida é justificada. O caminho até uma final e a um sonhado título ainda é longa e vai ser árdua, mas há muitos anos não se via um time atleticano com tanta capacidade para tornar real a possibilidade de conquistas de peso.

Além da capacidade técnica individual de cada um dos jogadores, o Atlético ontem entrou focado, ciente de que deveria matar o jogo o quanto antes. Fez o que o São Paulo não soube fazer no Morumbi, quando sufocou o Galo e não foi competente para resolver a questão logo no primeiro tempo. O Atlético pressionou a saída de bola do time paulista, que tinha dificuldades para sair jogando. Ney Franco optou por usar apenas um atacante, Luís Fabiano, e avançou o lateral Douglas para reforçar o meio e usar a velocidade que perdeu por não ter Osvaldo e Aloísio. 


Tardelli: decisivo no ataque e fundamental para o esquema tático de Cuca

Mais compacto, o Atlético bloqueou as tentativas do tricolor. Pierre e Leandro Donizete fizeram uma partida notável, comandando o meio-campo e ainda cobrindo as subidas dos laterais. Desta vez, ao contrário do jogo em São Paulo, Marcos Rocha e Richarlyson subiram com mais qualidade e deram menos brecha na defesa. Além disso, os incansáveis Bernard e Diego Tardelli voltaram várias vezes e ajudaram demais o sistema defensivo. Com toda essa proteção, a zaga teve menos trabalho e foi muito bem quando exigida. Gilberto Silva, que não foi bem em São Paulo, fez um baita jogo, marcando Luís Fabiano em cima e usando toda a sua experiência quando necessário.

O vigor com que o Galo entrou em campo se refletiu até mesmo em apatia por parte do São Paulo. Em todo o primeiro tempo, o tricolor apareceu em um escanteio conquistado por Paulo Miranda aos 4 minutos e em um lance de Ganso, aos 25, quando Victor apareceu para defender. O Atlético, por sua vez, acertou a trave com Ronaldinho, aos 2, aberto o placar com Jô, de fora da área, aos 17, e perdido chances com Jô (30), Tardelli, de cabeça (34), Bernard, em lance que Tolói tirou em cima da linha (36) e Réver, de cabeça, aos 38.Nos momentos em que o time mineiro colocou a bola no chão, o domínio foi mais absoluto. Em algumas partes do jogo, o Atlético insistiu com chutões, que faziam a bola voltar rapidamente para a defesa mineira. Mas nada que o São Paulo soubesse como aproveitar.

Jô também voltou para ajudar a marcação e teve papel fundamental na vitoria

Como o Galo perdeu a chance de matar o jogo no primeiro tempo, o time voltou disposto a acabar com o São Paulo de vez na etapa final. Aos 5, Jô acertou a trave, aos 7, Bernard quase completou cruzamento de Tardelli e aos 10, Ronaldinho quase fez em cobrança de falta. O 1 a 0 que insistia em continuar no placar foi para o espaço aos 17, com Jô, que fez 2 a 0 em passe de Leandro Donizete. Aos 19, Tardelli aproveitou vacilo de Tolói e fez o terceiro. Aos 24, Ronaldinho olhou para a esquerda e deu a bola na direita, para Jô fazer 4 a 0. Partida resolvida.

O São Paulo esboçou uma leve reação, ao menos para diminuir o prejuízo e teve duas chances de marcar em lances confusos na área. Aos 30, quando o Galo começava a administrar a vantagem, Luís Fabiano diminuiu, em um rebote de Victor, que poderia (e deveria) ter espalmado um chute de Carleto para o lado. Com Josué, Rosinei e Luan em campo, o Atlético começou a rodar a bola e a embalar o olé cantado pela torcida. O jogo quase foi fechado com chave de ouro aos 36, quando Ronaldinho distribuiu canetas e dribles e quase faria um gol espetacular, mas optou por passa a bola a Jô ao invés de chutar no gol.


Torcida vibra até com a entrada do mascote em campo: parceria de sucesso

No final, sob os aplausos da torcida, dois vacilos. Um cartão amarelo tolo para Ronaldinho após falta em Wellington, e a expulsão de Rosinei, que caiu na provocação de Carleto e revidou uma agressão do jogador do São Paulo. Erros que de forma alguma tiram o brilho de uma espetacular vitória atleticana. Como disse, o caminho é longo e duro, mas a rota está bem pavimentada.

Fotos: Bruno Cantini/Atlético

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