Os estaduais e seus números cruéis. Até quando?


Hoje é uma quarta-feira em que os fanáticos por futebol vão lutar para conseguir encontrar um bom programa para acompanhar no estádio ou mesmo no sofá. Muitos dos que perguntam se hoje tem uma partida pela Libertadores ou pelas eliminatórias para a Copa do Mundo torcem pela resposta afirmativa, com a expectativa de não serem obrigados a ver alguma partida pelos campeonatos estaduais. Infelizmente, para muitos, hoje é um dia que o futebol brasileiro só tem os estaduais a oferecer. E cada vez mais o público vai dando retorno de sua insatisfação. O que só reforça a tese de que eles precisam ser repensados e ocupar menos espaço no calendário da bola no Brasil.

Um argumento forte para isso é a média da Copa do Nordeste, encerrada no último domingo. Mesmo com uma final sem dois times de ponta da região, Campinense e ASA, o torneio teve 7.800 pessoas em média nas partidas, número maior do que a média de todos os estaduais no Brasil. Na final em Campina Grande, o Campinense levou mais de 19 mil pessoas ao estádio Amigão. Um número assustador perto da média do Campeonato Paraibano até a última semana, de 951 pagantes por jogo - de acordo com o site especializado Sr.Goool. O estadual com maior média de público até a semana passada era o Paraense, com 6.121 torcedores por partida.

O Ceará foi o campeão de público da Copa Nordeste, com 23.500 torcedores por jogo. Até o dia 13 de março, de acordo com o site Sr.Goool, a média do Campeonato Cearense era de 908 torcedores. E temos que levar em conta o fato de que o Castelão foi reaberto, mas não a preços populares, como muitos podem imaginar. Ou seja, o público foi mesmo atraído pela qualidade do espetáculo, pelo desafio, pela possibilidade de jogar contra equipes mais qualificadas, fato que não vai acontecer no estadual. No Cearense, inlusive, o Ceará, como mandante, tem até uma boa média, de pouco mais de 11 mil por jogo, menos da metade do que atraiu na competição regional.A mesma análise pode ser feita em relação a Sport e Santa Cruz, que levaram, em média, 16 mil e 21 mil torcedores por jogo na Copa do Nordeste - no estadual, os números são, respectivamente, 11 mil e 13 mil.

Os exemplos se espalham pelo país. Em Minas Gerais, o Cruzeiro levou, em média, 29.561 pessoas às partidas como mandante no Mineirão, número excelente e muito expressivo. Mas que podia ainda ser maior se jogasse uma outra competição, com adversários melhores e com uma disputa de melhor nível. Neste ano, o retorno do estádio e a curiosidade pelo reencontro com o Mineirão, aliado ao sucesso do programa de sócio-torcedor, atraíram mais cruzeirenses a partidas contra América de Teófilo Otoni (14 mil) e Tombense (21 mil). O número elevado se deve também ao fato de a partida de estreia no ano ter sido o clássico contra o Atlético, visto por mais de 52 mil pessoas, maior público do futebol brasileiro até aqui em 2013. Puxado pelo clássico, a média do Mineiro é de 5.600 torcedores, número longe da realidade de partidas como Nacional e América-TO, que teve 57 pagantes, ou outros várias que sequer atingiram mil pessoas no estádio.

O fato é que o marasmo em que se arrastam os estaduais pouco atraem torcedores para os estádios. Em São Paulo, são 19 intermináveis rodadas para classificar oito times. No Rio, as semifinais e a final dos turnos são bastante atraentes, mas a fase de classificação é de doer. Não dá para imaginar mais que os estaduais se iniciem em janeiro e terminem apenas no meio de maio. É muito tempo. Outros clubes já perceberam isso. Maranhenses e piauienses já pensam em entrar na Copa do Nordeste do ano que vem ou forçar a volta da Copa Norte. O Campinense, feliz com a conquista do Nordeste, já reclama uma vaga a mais para a Paraíba na Série D do Brasileirão, pedido que não seria feito apenas por jogar o Paraibano.

Entre os 23 estaduais que estão em andamento no Brasil, segundo o site SóGoool, 13 têm média inferior a mil pessoas por partida, isso porque o Brasiliense tem média de 1.056. Será mesmo que vale a pena esse formato de calendário? Vale a pena uma equipe do interior esperar um ano para receber um grande e jogar, em um estádio lotado, para 3 mil pessoas? E vale mesmo uma equipe pequena ficar meses sem jogar, montando times para poucas partidas?

Alternativas são imensas. Mas é necessário que os estaduais diminuam de tamanho, que se crie espaços no calendário para excursões internacionais dos grandes e uma agenda decente para os menores, seja em divisões inferiores nacionais ou em um estadual que permita que o time fique em atividade. Os regionais no início da temporada também podem ser solução, de tiro curto e mais capaz de preparar os clubes para competições de mais peso. Isso sem contar um espaço decente para a pré-temporada, datas para a Seleção Brasileira jogar sem atrapalhar os clubes com convocados e um Brasileirão sem datas apertadas como acostumamos a ver em julho e agosto. Uma redução no tamanho dos estaduais ajudaria em tudo isso. O fato é que do jeito que está não dá. Os números não mentem.

Site Sr.Goool - www.srgoool.com.br

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