A vitória em Sarandí e os números do Atlético na Argentina


Demorou muito tempo para o Atlético voltar a jogar na Argentina, quase 13 anos, mas quando voltou, atropelou o Arsenal, ontem, pela Copa Libertadores. Antes, o último jogo do Galo no país vizinho tinha acontecido apenas em 2000, quando empatou em 2 a 2 com o Boca Juniors, pela extinta Copa Mercosul. A goleada de 5 a 2 pode ser vista de vários ângulos. Um deles pela importância dos números. O Atlético foi o primeiro time, em toda a história da Libertadores, que fez cinco gols jogando como visitante na Argentina. Além disso, o Galo foi o primeiro brasileiro a fazer três gols no primeiro tempo jogando no país. Para completar, Bernard foi apenas o segundo jogador a fazer três gols na mesma partida como visitante na Argentina, na competição. Antes, apenas o uruguaio Fernando Morena, em 1974, em um jogo que o Peñarol fez 3 a 0 no Huracán. Antes do Galo, apenas dois times brasileiros venceram por três gols de diferença na Argentina, o Flamengo, que fez 3 a 0 no River Plate em 1982, e o Cruzeiro, que venceu o Estudiantes em 2011 também por 3 a 0.

Os números são significativos em uma análise crua, mas, claro, podem não valer nada se o time não se classificar para a próxima fase ou ser eliminado logo no primeiro mata-mata. Mas, claro, dão muita confiança para a equipe de Cuca. O Galo venceu o São Paulo, seu adversário mais forte, no jogo de estreia, e derrotou o argentino do grupo fora de casa - aliás, outro dado: em cinco participações na Libertadores, foi a primeira vez que o Atlético venceu as duas primeiras partidas. Tem 6 pontos, lidera o grupo 3 e recebe o The Strongest na próxima partida, teoricamente o adversário mais fácil. Uma outra vitória e a classificação pode ficar bem encaminhada.
 

A vitória de ontem pode ser creditada, primeiro, aos jogadores que fazem a diferença no elenco. Bernard fez três gols, Jô fez um e participou de outros dois e Ronaldinho foi o grande maestro, participando diretamente de quatro gols. O elenco, experiente, soube como superar o baque de levar um gol no primeiro minuto de jogo e depois que virou o placar para 2 a 1, aos 29 minutos, comandou a partida até o final, superando também uma possível pressão que viria após o segundo gol do Arsenal, aos 41 do primeiro tempo - lance em que, na minha opinião, Victor falhou.

Certamente alguns ajustes ainda precisam ser feitos para o time se entrosar completamente, ainda mais se levando em conta o fato de a equipe ser muito ofensiva, o que é um problema para os adversários, mas também causa um espaço grande para os rivais trabalharem jogadas - foi assim que saiu o primeiro gol dos argentinos ontem. Uma das chaves para o ajuste pode ser o trabalho dos volantes. Se eles saírem com qualidade e fizerem a ligação com o meio e o ataque, as coisas podem melhorar. O segundo gol atleticano, de Diego Tardelli, teve a assistência de Leandro Donizete. Outra coisa que precisa ser feita com muito cuidado é o apoio dos laterais. Ontem, Marcos Rocha ficou mais preso e a marcação funcionou melhor daquele lado. Júnior César só saiu na boa - e participou do terceiro gol, de Jô. O atacante, aliás, comprovou mais uma vez ontem a importância de uma boa sombra. Tem subido de produção e, taticamente, foi perfeito, fazendo o pivô, ajudando a marcação e participando das jogadas ofensivas. Com o passar dos jogos, a tendência é que o esquema seja assimilado com mais perfeição pelos jogadores.

Números na Argentina
O jogo de ontem foi apenas o terceiro do Atlético na Argentina em jogos pela Libertadores. Antes, em 1978, a primeira vez que o clube atuou lá, inclusive, o time perdeu para o River Plate por 1 a 0, e para o Boca Juniors por 3 a 1. Depois, o Galo voltou ao país vizinho apenas em 1993, pela Copa Ouro, quando perdeu para o Boca por 1 a 0. Em 1995, outra derrota: 4 a 0 para o Rosário, na final da Copa Conmebol - na ocasião, o time perdeu o título nos pênaltis. Em outra final de Conmebol, em 1997, o time venceu pela primeira vez na Argentina, 4 a 1 sobre o Lanús. Em 1998, também pela Conmebol, 1 a 1 com o Rosário Central. Em 2000, os então últimos jogos no país, 4 a 3 no San Lorenzo e 2 a 2 com o Boca, ambos pela Copa Mercosul. Incluindo o jogo de ontem, são 3 vitórias, 2 empates e 4 derrotas atleticanas na Argentina, com 17 gols marcados e 18 sofridos.


Dados históricos: Centro Atleticano de Memória e twitter.com/2010MisterChip
Foto: Clube Atlético Mineiro

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