Pouco criativo, Cruzeiro perde em casa para o Botafogo

Com a base do time que teve dificuldades, mas venceu o Náutico no final de semana, o Cruzeiro deu a impressão ontem de que poderia derrotar o Botafogo com mais tranquilidade. Usando de uma das principais características de jogo de Celso Roth, o Cruzeiro abriu o placar no início de jogo, perdeu chances logo depois e deu espaços para o time carioca, que virou o jogo, fez 3 a 1 e brecou a ascensão do time azul, que poderia estar mais perto do G4 do Brasileirão em caso de vitória.

Ainda não consegui entender os motivos pelos quais Roth abre mão de Lucas Silva. Ontem, o garoto nem ficou no banco e quem começou jogando foi Sandro Silva. Com o meio-campo congestionado, a válvula de escape celeste mais uma vez foi Éverton. Contra um time que tem vários jogadores habilidosos no meio-campo, mas um ataque limitado, Roth apostou na força de marcação e na velocidade no contra-ataque. Assim, após uma roubada de bola, Souza lançou Borges, que chutou forte, o goleiro rebateu e Tinga, o volante que jogava mais avançado, mandou para as redes. 1 a 0 aos 18 minutos. Logo depois, pressão cruzeirense e quase Éverton faz o segundo, aos 23 minutos. Mas parou por aí.

Como citei anteriormente, o Botafogo é um time que não tem um ataque efetivo. Então, as chances de o time carioca produzir algo estão exatamente no meio-campo. E foi lá que o Cruzeiro deu espaço para a armação da jogada que terminou no pé de Seedorf, que, com Leandro Guerreiro marcando à distância, empatou aos 34 minutos. Um minuto depois, o holandês aproveitou outro espaço dado, desta vez por Sandro Silva, e virou o jogo após tabelar com Fellipe Gabriel, que ganhou de Éverton na área. Um jogo que estava na mão do Cruzeiro no primeiro tempo terminou com o time mineiro completamente desorganizado e sem o mesmo rendimento.

No segundo tempo, com Élber e Wellington Paulista em campo nos lugares de Wallyson e Sandro Silva, o Cruzeiro tentou equiparar o jogo na base da velocidade. Os dois reservas abriram o jogo pelas pontas, mas continuaram a sofrer com o mesmo problema que Borges sofreu durante todo o primeiro tempo. Com Souza apagado e Tinga mais preso à marcação do que na etapa inicial, nada de a bola chegar com qualidade para definição.

Aos 10 minutos, para complicar, o Cruzeiro foi surpreendido em um contra-ataque. Leandro Guerreiro deu espaço demais para Seedorf pensar. O holandês inverteu o jogo perfeitamente para Jadson fazer 3 a 1. E quando era o momento de pressionar ainda mais, Roth errou ao colocar William Magrão no lugar de Souza que, mesmo mal, era um jogador que poderia armar alguma jogada - aliás, sofreu um pênalti que o juiz ignorou. Tinga, que dos volantes, é o que mais ajuda na criação, pouco apareceu. O Cruzeiro pressionou de forma desordenada, sem qualquer organização, o meio-campo sumiu e, consequentemente, sumiram Borges e Wellington Paulista. A melhor chance, para se ter ideia, foi criada por Léo, que quase acertou um chutaço, aos 31 minutos. A falta de Montillo, as improvisações em excesso, a pouca criatividade da equipe recheada de volantes e a tática de contra-ataque que nem sempre dá resultado causaram mais uma derrota em casa. A irregularidade custa caro ao Cruzeiro neste Brasileirão.

AVALIAÇÃO DOS JOGADORES

Fábio - Sem culpa nos gols, foi seguro quando exigido - Nota 5,5
Léo - Mesmo improvisado, foi firme na marcação e ainda perigoso nas subidas ao ataque - Nota 6,5
Mateus - Mostrou vontade e raça, mas o meio-campo o deixou exposto demais - Nota 5,5
Rafael Donato - Com a bola no chão, complica. Também ficou exposto - Nota 5
Éverton - Foi uma boa opção de ataque e sempre se apresentou para o jogo - Nota 6
Leandro Guerreiro - Deu espaço para Seedorf em dois gols do Botafogo - Nota 3,5
Sandro Silva - Fraco na saída de bola, falhou no segundo gol. Saiu no intervalo - Nota 3
Tinga - Fez o gol, ajudou o ataque e ainda foi raçudo na defesa - Nota 6
Souza - Participou do lance do gol, mas depois sumiu do jogo - Nota 5,5
Borges - Muito pouco acionado. Quando a bola chegou, foi perigoso - Nota 5,5
Wallyson - Apagado ofensivamente, ajudou a defesa no início do jogo. Pouco - Nota 4
Wellington Paulista - Correu e procurou espaços, mas pouco participou - Nota 4,5
Élber - Muita correria e vontade, mas pouco resultado prático - Nota 5
William Magrão - Entrou completamente desligado e perdido. Nota 4

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