Com uma atuação bem abaixo daquilo que pode produzir, o Atlético perdeu ontem para o Flamengo por 2 a 1 no Engenhão, na partida que absurdamente foi adiada pela CBF e que deveria ter sido disputada há praticamente dois meses. Sim, disso o Galo pode reclamar, com razão. E só. Ontem, em campo, a equipe foi apática em muitos momentos, desligada em outros e até mesmo descontrolada. Mesmo sendo melhor tecnicamente que o Flamengo, o Atlético perdeu para um time que entrou mais ligado no jogo e com vontade de vencer.
Os primeiros 30 minutos do Atlético foram lamentáveis. Com dificuldade para sair jogando e, mais uma vez, insistindo em chutões para acionar o ataque, o que resultava em um bate e volta. A defesa isolava a bola, que não passava pelo meio-campo, e a bola sempre voltava pelos pés dos jogadores flamenguistas. Logo aos 6 minutos, Cléber Santana chutou de fora da área e a bola tocou na trave. Aos 20, o Flamengo achou seu gol, após uma cobrança de escanteio em que a bola não foi afastada pela defesa atleticana. Vágner Love acertou um chute difícil e fez 1 a 0. Aos 31, Victor teve que sair nos pés de Love para evitar o segundo.
Ainda no primeiro tempo, com a contusão de Leandro Donizete, Cuca colocou em campo Carlos César, optando por deixar o lateral mais solto e recuando Danilinho para a função de marcação. Com Ronaldinho muito bem marcado e Escudero sumido, o Galo praticamente não assustou o goleiro Felipe. No finzinho da etapa inicial, Richarlyson tentou uma cabeçada e Jô isolou uma bola que recebeu dentro da área.
O melhor momento do Atlético no jogo foi no início do segundo tempo. Com 1 minuto, Escudero recebeu de Ronaldinho e chutou para fora. Aos 4, Jô empatou, de virada, após Réver dividir uma bola na área. O Flamengo, nitidamente, sentiu o gol e a torcida carioca ficou calada. O bom momento durou seis minutos. Escudero e Richarlyson praticamente assistiram a Wellington Silva carregar a bola pelo lado direito de ataque do Flamengo e cruzar para Liédson, sozinho, fazer 2 a 1. Réver, mal posicionado, também falhou no lance.
As entradas de Guilherme e Neto Berola nos lugares de Danilinho e Escudero deixaram o time ainda mais confuso taticamente e não resultaram em nada. Para complicar ainda mais, Réver agrediu Cáceres com uma cotovelada e foi expulso logo depois da terceira alteração atleticana. Um lance desnecessário e de puro descontrole, vindo do capitão do time, quem mais deveria ter a cabeça no lugar. Prejudicou e muito o Atlético. Desorganizado e com dez em campo, o Galo tentou de forma desordenada o empate. Fora um lance isolado ou outro, como um chute de Carlos César, o time pouco assustou - e ainda tomou outra bola na trave de Cléber Santana.
O jogo de ontem igualou o número de partidas de Atlético e Fluminense, que está quatro pontos à frente. Já o Flamengo tirou a corda do pescoço e está entre os dez primeiros. O momento atleticano não é bom, mas não é para jogar a toalha. Além de jogar em casa contra o Flu, o Galo encara adversários teoricamente mais fracos (Portuguesa e Figueirense) que o rival (Flamengo e Botafogo) nas duas próximas rodadas. Ainda faltam 12 jogos e o time pode voltar a brigar pela liderança. Mas precisa ter mais atitude do que teve ontem, além de mais controle. Cuca tem que criar alternativas diferentes de jogo que evitem a anulação das jogadas que todos conhecem. Isso pode resultar na volta do poder de definir jogos que o time mostrou em partidas difíceis no primeiro turno.
AVALIAÇÃO DOS JOGADORES
Victor - Sem culpa nos gols, fez defesas importantes - Nota 6,5
Marcos Rocha - Participou do lance do gol, mas jogou abaixo de seu nível - Nota 5,5
Leonardo Silva - O melhor da defesa, jogou com seriedade - Nota 6
Réver - Participou do gol atleticano, mas estava mal posicionado no segundo gol do Flamengo e foi irresponsável ao agredir Cáceres, ser expulso e prejudicar o time - Nota 2
Richarlyson - Deu muito espaço no lance do segundo gol flamenguista - Nota 4,5
Pierre - Raçudo, foi o jogador que mais estava no clima do jogo, deu carrinho, chutão e coordenou o meio-campo - Nota 7
Leandro Donizete - Errou muitos passes e deu brechas na marcação - Nota 4,5
Danilinho - Também deu espaços na marcação, mas ficou sobrecarregado - Nota 5
Ronaldinho - Bem marcado, buscou o jogo, participou do lance do gol, mas teve dificuldade para se livrar dos marcadores - Nota 5,5
Escudero - Apático, desligado, desperdiçou uma rara chance criada pelo time - Nota 3,5
Jô - Quando foi acionado, fez sua parte. Mas jogou muito isolado - Nota 5,5
Carlos César - Entrou na fogueira, fora de posição, e acabou sendo uma boa opção - Nota 6
Guilherme - Entrou totalmente desligado e praticamente não participou do jogo - Nota 3
Neto Berola - A correria de sempre, mas sem nenhum resultado prático - Nota 3
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