A goleada do Cruzeiro em Sete Lagoas e os reflexos do clássico para Galo e Raposa





O clássico entre Cruzeiro e Atlético realizado ontem, em Sete Lagoas, vai render muita conversa. Pelo surpreendente 6 a 1 para o Cruzeiro, pelo o que poderia ter sido se o resultado fosse outro e, claro, pelos reflexos gerados. Vamos a uma análise dos fatos, antes, durante e depois.

Antes do jogo
  • O Atlético fez um ótimo segundo turno de Campeonato Brasileiro, por muito tempo teve uma das melhores defesas desta etapa do torneio (era a melhor do returno até o jogo de ontem) e Cuca conseguiu o que Dorival Júnior tentou por muito tempo: ter um time titular. Estava fechando o ano com uma base montada, uma comissão técnica já definida e com noção do que fazer para ter um bom 2012. Se livrou do rebaixamento na rodada anterior e poderia escrever um capítulo único na história se vencesse o rival e, com uma combinação de resultados, o mandasse para a Série B.
  • O Cruzeiro fez um segundo turno terrível, tinha conseguido duas vitórias em 18 partidas, chegou à última rodada como o pior ataque do returno (16 gols marcados), entrou na reta final da competição com um time desmontado, reflexo da falta de comando da diretoria durante boa parte da temporada, com um técnico que não inspira a total confiança de todos e com muitas dúvidas sobre como vai ser o próximo ano. Precisava vencer para evitar qualquer risco de rebaixamento, um duro golpe para um clube que jogou as últimas quatro Libertadores, foi vice-campeão brasileiro em 2010 e se acostumou à parte de cima das tabelas das competições que disputa.

Um Réver irreconhecível não foi páreo para o ataque do Cruzeiro, de Wellington Paulista
O jogo
O Cruzeiro fez o que tinha que ser feito. Precisava vencer de qualquer jeito e entrou com raça e disposição, dividindo todas as bolas. Contou com o apoio da torcida, que lotou a Arena do Jacaré (e fez bobagem, como brigar entre si e jogar uma bomba na direção do goleiro Renan Ribeiro) e foi parceira do time. Vágner Mancini reforçou a defesa, atuou com três zagueiros, foi firme na marcação, valorizada com três volantes, e muito eficiente nas conclusões. Com 33 minutos, vencia facilmente por 3 a 0 e já tinha resolvido o seu problema. Goleou com naturalidade.

Torcida do Cruzeiro fez sua parte, apoiou o time, festejou a goleada, mas não pode se iludir com a atual equipe

O que o Cruzeiro não esperava era um adversário apático, desinteressado, falho na marcação e que parece ter entrado de férias antes do jogo começar. Mal taticamente, com Serginho e Carlos César batendo cabeça, André totalmente fora de jogo e uma zaga completamente perdida, o Atlético tornou as coisas muito mais fáceis. Se os atletas cruzeirenses entenderam a importância do jogo e a arranhada na história do clube que seria o rebaixamento, os jogadores atleticanos pareciam que não sabiam a camisa que vestiam. Perderam a chance histórica de rebaixar o rival, renovar o ânimo da torcida depois de inúmeras decepões e derrotas seguidas para o Cruzeiro e iniciar 2012 com a moral alta.


Cruzeirenses entenderam a importância do jogo, enquanto atleticanos, apáticos, nada fizeram em campo

O futuro depois do jogo

  • Atlético: pela primeira vez desde 2002, terminou um Campeonato Brasileiro à frente do Cruzeiro, mas a goleada mancha a recuperação do time no torneio. Perder um clássico é um resultado normal, mas não da forma como foi. A apatia mostrada em campo aliada à expectativa gerada pelo jogo durante a semana se transformou em desconfiança no elenco e no treinador. Uma mensagem que recebi de um atleticano dá o tom do sentimento da torcida: "Me senti mais triste com essa goleada do que com o rebaixamento, em 2005", disse o torcedor. O fato é que a diretoria tem que esfriar a cabeça e entender que existe uma base, que não precisa mandar embora vários jogadores e muito menos contratar sem critério. Reforços pontuais são necessários, mas todos que ficarem precisam entender o peso da camisa e o tamanho do clube que defendem. Precisam se identificar com o Atlético. Passou da hora de disputar campeonatos como figurante e de fazer a diretoria pagar prêmio para fugir de rebaixamento.
  • Cruzeiro: O pior time do Cruzeiro em muitos anos entrou para a história ao registrar a maior goleada do clube contra o seu maior rival. Os 6 a 1 de ontem superam os dois 5 a 0 registrados nas finais estaduais de 2008 e 2009. Os jogadores entraram para a história e aliviaram a barra da torcida, que sofreu por um bom tempo com as (naturais) brincadeiras dos atleticanos e com o verdadeiro risco de queda para a Série B. A vitória de ontem foi festejada como um título, mas o que não pode ser esquecido é que o elenco atual é limitado, tem várias carências e precisa ser reforçado urgentemente. Assim como no caso do Atlético, é preciso contratar com critério, sem exageros na quantidade de atletas. Vários grandes times que correram riscos em algumas edições do Brasileirão caíram em temporadas seguintes, casos de Grêmio (2004), Atlético (2005) e Vasco (2008). Os primeiros nomes de possíveis contratados são bem diferentes do que a torcida pensa para ter um time forte em 2012. A nova diretoria tem que ser consciente nesse momento e, ao contrário de 2011, mais presente para evitar vexames e riscos como aconteceu neste ano. Comemorar manutenção na Série A é muito pouco para o Cruzeiro.
Fotos: Vinnicius Silva







Comentários

  1. O problema de dizermos que comemorar a manutenção na série A é pouco para o Cruzeiro é que os nobilíssimos torcedores levam para o lado pessoal, começam a ofender e a chamar o argumento de "choro pós-goleada". Se satisfeito com goleadas bairristas e desempenhos pífios passar a ser rotina também do Cruzeiro, é melhor MG investir em outra modalidade esportiva.

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  2. "Comemorar manutenção na Série A é muito pouco para o Cruzeiro." Todos sabem a postura do real torcedor do Cruzeiro, que é mais 'pé-no-chão' e exigente. A comemoração foi mais pelo clássico em si e o alívio da tensão que rondava os torcedores e o time na semana pré-clássico. A grande maioria da torcida do Cruzeiro sabe que o time tá mal, já tem gente fazendo lista de dispensa e contratações em fóruns de discussões. Tá de parabéns pelo post, bastante sensato e realista.

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  3. Deixa de ser medíocre , todos os inteligentes e conhecedores da postura azul sabe que nenhum torcedor ficou feliz com a campanha apresentada pelo time do cruzeiro, o que aconteceu foi um desabafo pelo real perigo de ser rebaixado pelo maior rival, que graças a Deus continua a ser o maior FREGUÊS,e olha, a espinha do cruzeiro é forte ,pois é a mesma do primeiro semestre precisamos sim de uns quatro jogadores para chegar treinar e jogar, o que precisa é estar motivado sempre.

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  4. Méritos para a raça do time do cruzeiro. E isso foi indiscutível.

    No entanto, sou atleticano e quero falar sobre o Galo.

    Existem derrotas e derrotas. A de ontem, nenhuma geração de atleticanos irá perdoar. Em 2053, os atleticanos lembrarão que em 04/12/2011 o Clube Atlético Mineiro vendeu um jogo. E sem querer fazer trocadilho, isso não tem preço.
    Como disse anteriormente, existem derrotas e derrotas. Ora, estamos em 2011 e a vitória do Galo, em 1921, sobre o Palestra Itália (9 a 2) ainda é lembrada. A derrota de ontem NUNCA mais será esquecida! Para a dor dos atleticanos e alegria dos cruzeirenses.

    Agora, um outro assunto.
    Ninguém deve ser leviano e acusar sem provas. Todavia, ninguém pode ser hipócrita a ponto de negar que a "mala preta" existe e pode ter aparecido para os lados de Sete Lagoas.
    Estou abismado como 99% da imprensa mineira tem afirmado, categoricamente, que não houve "armação" no resultado de ontem. Ora, o que dá tanta certeza para a imprensa mineira que o jogo não foi vendido?
    Estranho...

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  5. quando a arbitragem erra, a imprensa corre aos microfones para dizer que o árbitro é corrompido, que "deram o serviço", que é preciso investigar etc. Agora, quando existem claras evidências que algo MUITO ESQUISITO aconteceu em um jogo de futebol, ninguém tem a coragem de dizer: "BOM, SE HÁ SUSPEITAS E INDÍCIOS DE MARACUTAIA, VAMOS COBRAR DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DO STJD UMA INVESTIGAÇÃO!". Parece que toda a imprensa mineira se faz de cega. Por essa razão que digo, com grande pesar, que a imprensa do meu estado é COVARDE, OMISSA e HIPÓCRITA. Prefere não se comprometer a cobrar investigação onde existem suspeitas de fraudes!
    Não se trata de acusar ninguém. Trata-se de cobrar das autoridades competentes uma postura investigativa. Só isso.
    Dizem os jornalistas: "ah, não existem provas!". A estes respondo que uma investigação pode se iniciar com suspeitas e indícios de ilicitude. As provas aparecem depois (caso se confirme as suspeitas).

    Por fim, algumas perguntas que estão no ar (e, ao que parece, a imprensa de Minas deseja que por lá se desmanche):

    a) O Kalil vai a público e diz que ele próprio está desconfiado de combinação de resultados. Ora, não será esse um motivo mais do que suficiente para se iniciar uma investigação?

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  6. b) Durante toda a semana, especulou-se que o jogo seria vendido e, desta venda, o Atlético conseguiria recursos para a contratação do Diego Tardelli. Riu-se disso a semana inteira. Mas uma coisa é fato: tanto o Alexandre Kalil quanto o próprio Tardelli foram uníssonos: o negócio estava muito difícil de se concretizar. Kalil chegou, inclusive, a dizer que estava mais fácil ele dormir com a Xuxa. Pois bem. Acaba-se o jogo em Sete Lagoas e quem se apressa em dizer que está em negociação com o Galo? Diego Tardeli. Coincidência ou será que o Kalil conquistou o coração da rainha dos baixinhos?

    c) Por que ninguém tem coragem de falar sobre a participação do BMG no futebol mineiro? Gente, os times mineiros estão sob o total controle deste banco. Não só os times, diga-se de passagem. A arbitragem mineira também. Se isso implica que o BMG é responsável pela corrupção no futebol mineiro? É cedo para falar. Mas que há algo muito estranho em jogos como o cruzeiro x Ipatinga de 2010 e o jogo de ontem, ah, isso há!

    d) Por fim, a pérola das pérolas. Tem-se dito que o Galo, se tivesse combinado resultados, perderia apenas de 1 a 0 ou 2 a 1. Quem comenta isso ou é muito ingênuo ou muito burro. Se não, vejamos: perde-se de maneira acachapante e qual é a imagem? "ah, o outro time foi muito superior. Por isso goleou". Pois é. Mas a história está aí para dar exemplos. Refiro-me ao jogo Argentina x Peru de 1978. Placar da partida: 6 a 1 para a Argentina.
    Agora temos uma nova lei no futebol: "GOLEADA É SINAL INEQUÍVOCO QUE NÃO HOUVE MARACUTAIA EM UM JOGO DE FUTEBOL". Será. Por que?

    Enfim, duas coisas me entristecem:

    a) Meu time ter se vendido;
    b) A imprensa do meu estado ser tão ingênua, covarde e hipócrita.

    Souza Mendes
    Bairro Gutierrez/BH.

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  7. Continuo acreditando que "vcs da imprensa " tem muita culpa... Dizer que o Atlético tem uma base para o ano seguinte é tão óbvio quanto errado: Renan não é bom goleiro, a zaga precisa de reforços , lateral esquerdo não existe... Felipi Souto é uma boa promessa , richarlison não serve, Pierre é um bom reserva. Daniel Carvalho é brincadeira, André é piada e berilo é uma boa opção para o segundo tempo. Me diga: onde está a base?

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