Ferguson, 25 anos de Manchester United. O futebol agradece



Tente puxar pela memória o que estava fazendo em 6 de novembro de 1986. Poucos vão conseguir lembrar sequer onde estavam. No máximo vão imaginar um mundo que ainda tinha o Muro de Berlim e a União Soviética e que o Brasil vivia uma época de incertezas com o cruzado no bolso da população e José Sarney no comando. Mas foi nesta data, certamente em um mundo muito diferente deste que vivemos hoje, que Alex Ferguson assumia o Manchester United. Sim, ele está completando 25 anos no comando do clube. E merece ser homenageado e reverenciado por todos aqueles que gostam de futebol.

O escocês chegou ao clube após treinar a seleção de seu país na Copa de 1986, escoltado por uma passagem de sucesso pelo Aberdeen, pelo qual foi campeão da Recopa Européia. Ferguson foi sondado por Tottenham e Arsenal antes de chegar a Manchester, onde o início foi difícil. Ferguson terminou a temporada 1986/1987 em 11º lugar, mesmo com jogadores de bom nível, como Whiteside e Bryan Robson. O time conseguiu apenas uma vitória fora de casa, exatamente contra o rival Liverpool, que terminaria como vice-campeão. No início de sua gestão, Ferguson sofreu com a perda da sua mãe, Elizabeth, vítima de câncer.

Nem mesmo o vice-campeonato em sua segunda temporada serviu para dar ao torcedor do Manchester a confiança irrestrita. Em 1989 e em 1990, Ferguson deixou o time, respectivamente, em 11º e em 13º lugares no Inglês. Em 1990, sofreu uma goleada humilhante para o rival City, 5 a 1, número inferior apenas aos 6 a 1 de algumas semanas atrás. A pressão chegou ao ponto de uma faixa com os seguintes dizeres ser exibida em Old Trafford: "Three years of excuses and it´s still crap", algo como "três anos de desculpas e continua uma porcaria". Ferguson só não dançou na temporada porque conquistou, exatamente quando fez sua pior campanha no Inglês, a FA Cup, com a vitória de 1 a 0 sobre o Crystal Palace, cujo vídeo pode ser visto abaixo.


A conquista deu fôlego ao escocês, que fez uma campanha discreta no Inglês pela última vez em 1990/1991, quando foi sexto colocado. Mais uma vez, um título em uma Copa provava que Ferguson poderia seguir em frente. O Manchester United foi campeão da Recopa Européia, ao derrotar o Barcelona na final.

Um jovem Giggs e um Ferguson sem os cabelos brancos: sucesso no Old Trafford

Na temporada seguinte, quando crescia no Old Trafford a brilhante 'Classe de 1992', com jogadores como Giggs, Beckham, Scholes, Butt e Gary Neville, Ferguson levantava a Copa da Liga Inglesa e a Supercopa da Inglaterra, enquanto ficava com o vice-campeonato nacional. Mas, em 1992/1993, Ferguson tirou Cantona do Leeds, começou aos poucos a lançar as pérolas da base, Giggs especialmente, e mesclou com os experientes Schmeichel, Ince e Hughes. Resultado: campeão depois de 26 anos. Em 1993, ele foi eleito o técnico do mês, feito que repetiria mais 25 vezes...

Depois do primeiro título inglês exatamente na estreia da Premier League, Ferguson encaminhou uma série impressionante no mais prestigioso campeonato nacional do mundo. Até hoje, foram nada menos que 12 títulos ingleses, o que levou o Manchester a ter 19 em sua história, um a mais que o Liverpool, que tinha 18 quando Ferguson levantou sua primeira taça nacional. O domínio local inclui também 5 FA Cups, 4 Copas da Liga e 10 Supercopas. Dessas taças, três foram doubles, ou seja, conquistas do Inglês e da FA Cup na mesma temporada (1994, 1996 e 1999). Detalhe: desde o início da Premier League, o Manchester United jamais ficou abaixo do 3º lugar. São 12 títulos, 4 vices e 3 terceiros lugares.


Membros da Classe de 1992, uma das gerações mais vitoriosas do Manchester United

Com o sucesso garantido em casa sempre com uma mescla impressionante de contratações pontuais e de ótimo aproveitamento de jogadores revelados no clube, o patamar de Ferguson passou a ser outro. Em 1999, além do double, o escocês se tornou campeão europeu ao vencer de forma memorável o Bayern de Munique por 2 a 1, virada conquistada nos últimos minutos no Nou Camp, em Barcelona (veja o vídeo abaixo). Em junho daquele ano, Ferguson se tornava Sir Alex, seguindo os passos de Matt Busby, que levou o Manchester à primeira conquista da Copa dos Campeões em 1968. Em 2010, Ferguson bateu o recorde de Busby e se tornou o treinador com mais tempo no comando do clube.



A mescla contratações/revelações continuou na década seguinte e uma das grandes aquisições, Cristiano Ronaldo, fez, em dezembro de 2006, o gol de número 2 mil do Manchester sob o comando de Ferguson. Dois anos depois, o português comandou a equipe na conquista do terceiro título da Champions League (vídeo abaixo das cobranças de pênaltis contra o Chelsea). Número que esteve perto de aumentar. O Manchester foi finalista em 2009 e em 2011, perdendo as decisões para o Barcelona. A lista interminável de títulos ainda inclui um Mundial Interclubes (1999) e um Mundial da Fifa (2008), títulos importantes que ajudaram a reforçar a marca em todo o planeta.



O Manchester mudou de patamar como time, clube e potência mundial sob o comando de Ferguson. Provou que acertou ao manter o treinador mesmo com os primeiros maus resultados, que sua gestão de apostar em jogadores jovens e não tão caros era correta, desde que as revelações fossem escoltadas por experientes atletas capazes de apoiar os mais novos, o que vem acontecendo agora. Ferguson, evidentemente, cometeu um erro ou outro nesse período, mas é impossível negar que criou uma marca, uma escola de jogar futebol. A bola agradece.

A Seleção Ferguson
O jornal inglês Guardian fez nesta semana uma seleção dos melhores jogadores que atuaram sob o comando de Ferguson no Manchester United. Através dela, dá para provar o quanto a mescla de jovens e experientes se encaixam bem. E olha que ficou muita gente boa de fora... Vamos aos escolhidos: Schmeichel; Gary Neville, Ferdinand, Stam e Irwin; Roy Keane, Scholes, Giggs e Cristiano Ronaldo; Cantona e Van Nistelrooy. Precisa falar quem é o técnico?


Comentários

  1. O que conta são bom jogadores, mas as vezes um técnico decente faz falta. Hoje, no futebol brasileiro há técnicos que ficam até 6 semanas em clubes porque tiveram um mal resultado, deviam dar tempo a eles, para que conheçam o time e seus adversários, podemos usar de exemplo o caso do Ferguson, que no começo de sua carreira no Manchester United não conseguiu muita coisa, mas depois de se acostumar ele, e os exímios jogadores que há no Manchester hoje conseguiram fazer que este time mostrasse um ótimo futebol.
    Parabéns aos 25 anos de M.U.

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