O mais triste América x Atlético da história




Nada mais representativo da atual situação de América e Atlético do que o minúsculo público da partida de sábado na Arena do Jacaré. Nem em momentos muito ruins dos dois clubes ou mesmo com preços abusivos de ingressos consigo me lembrar de um público de 752 pessoas para ver uma partida entre dois dos maiores clubes de Minas Gerais. Ah! O jogo terminou - e só poderia terminar com um resultado: 0 a 0.

As contas feitas pelos dois para fugir do rebaixamento são cada vez mais duras. Sinceramente, não acredito que o América vá fugir da queda. O Coelho tem 21 pontos e precisaria fazer, em dez jogos, pelo menos os mesmos 21 que fez em 28 partidas. Ganhar sete jogos, talvez. Mas como, se ganhou apenas três (isso mesmo) até agora.
Guilherme e Bernard: um disperso e outro com muita vontade

Com seis pontos a mais, o Galo precisaria de algo entre 15 e 18 pontos para fugir da queda. Todos, da torcida à comissão técnica, sonhavam com seis pontos em casa diante de Ceará e América. Conquistou dois. Enfrenta o Santos na quinta-feira e pode até diminuir o prejuízo. Vai ter que mostrar mais futebol e ainda secar o Atlético-PR (que recebe o Vasco), o rival Cruzeiro (pega o Bahia, em Salvador) e o Ceará, que é examente o adversário do América, em Sete Lagoas. O time cearense tem cinco pontos a mais que o Galo e insiste em tropeçar. Se tem algum time que, na minha opinião, pode ser ultrapassado, é o Ceará. Mas, repito: tem que somar pontos.

Sobre a questão dos ingressos: é preciso ter mais habilidade para lidar com esse tipo de situação. As diretorias dos clubes têm que privilegiar seus torcedores e não fazer com que se afastem cada vez mais dos estádios. Já é difícil se deslocar até Sete Lagoas, com a situação dos clubes, então, pior ainda. Pagar R$ 50 para um jogo que reúne dois times em péssimo momento é tolice. O torcedor que já é obrigado a, nos clássicos entre Atlético e Cruzeiro, ir ao estádio apenas quando seu time é mandante, agora tem que se sujeitar também a uma briga de bastidores em que ninguém sai ganhando.

Lance do gol mal anulado do Atlético. Juiz errou, mas não pode ser o único culpado pelo zero no placar

Pelada
O jogo evidenciou a quantidade absurda de erros dos dois times. O Atlético até que tem mostrado uma defesa um pouco mais segura, especialmente quando Pierre entra em campo. Triguinho, praticamente um terceiro zagueiro, quase não apoia e fecha mais o setor. O apoio fica por conta de Carlos César, um dos jogadores mais efetivos da equipe nas últimas rodadas.
Sim! O Renan Oliveira esteve em campo, como você pode comprovar nesta foto

Mas quando a bola chega nos meias, começa o caos. Bernard tem que ser titular mesmo, mas tem que melhorar demais as conclusões. Diversas vezes chega na cara do gol, mas não consegue finalizar. Tem muita vontade, mas erra demais passes tolos. E desta vez ele teve a companhia do inoperante Renan Oliveira. Resultado: quando a bola chegava ao ataque (se chegava), não chegava redonda. Guilherme, disperso e lento, pouco ajudou, enquanto Magno Alves deu opções, mas finalizou mal. O Atlético tem hoje um problema crônico de finalizações e de ligação entre os setores. Não sei se vai dar tempo de resolver até o final do campeonato....

O América, desta vez, foi mais tímido e se limitou praticamente a se defender e a contar com a inoperância do ataque do Atlético. Neneca se destacou, fazendo defesas importantes, mas não foi acompanhado pelo resto do time. Se a zaga se postou para defender e defender, os laterais não aproveitaram o espaço que tinham, Rodriguinho foi omisso na criação e Fábio Júnior mal pegou na bola, provando que não dá mesmo para ser titular. As opções do Coelho também não ajudam. Otávio entrou fazendo faltas demais, Irênio manteve seu nível de lentidão e Léo entrou quando pouco pode fazer. O Coelho vai se despedindo da Série A.
Neneca: o melhor jogador do Coelho nos últimos jogos

Em tempo: o juiz, Cléber Abade, foi muito mal, anulou um gol legítimo do Atlético e deixou de marcar dois pênaltis, um para cada lado. Mas nada que justifique o péssimo futebol ou a perda de pontos das duas equipes.

Fotos: Vinnicius Silva

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