Cruzeiro encara São Paulo, mostra vontade, mas ainda existem muitos erros

O Cruzeiro mostrou ontem que tem forças para acabar com o risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. O time apresentou contra o São Paulo algo que há muito tempo não se via: vontade. A apatia dos jogos anteriores foi deixada de lado, mas vários erros apresentados durante a competição continuaram a aparecer. E saber como mesclar a vontade com a correção dos erros pode dar ao time a tranquilidade para não pensar mais em segunda divisão. Se a fragilidade mostrada em vários setores ainda preocupa, a participação da torcida foi reconquistada a partir do momento em que os jogadores suaram a camisa. E o apoio neste momento é fundamental.

Lance que resultou no terceiro gol do Cruzeiro: ao contrário de Farías, Anselmo Ramon estava bem colocado

Um dos grandes problemas que Vágner Mancini vai ter que corrigir nas últimas dez partidas é a facilidade com que os adversários entram na defesa cruzeirense. Ontem, o São Paulo usou e abusou de toques de primeira que deixaram desnorteados volantes e zagueiros do Cruzeiro. Dagoberto teve todo o espaço do mundo para criar e até mesmo fazer um gol em que driblou meio time azul.

Contestados, Vítor e Éverton foram muito bem. Especialmente Éverton, que participou do terceiro gol e deu muitas opções para os meias. Tanto do lado direito quanto do lado esquerdo, os laterais foram mais efetivos no ataque do que na defesa, o que abriu muitos espaços para o São Paulo. Os volantes Marquinhos Paraná e Charles tiveram que ralar para cobrir os avanços dos laterais e ainda tentar fazer a ligação com os meias. Mas não conseguiram cobrir todos os espaços - e nem tinha como. A bomba estourou na zaga, que mostrou problemas de cobertura e marcação - Léo especialmente. E quando passava da defesa, Fábio, sempre decisivo, mostrou serviço e a qualidade de sempre.

Fábio foi mais uma vez decisivo: defendeu pênalti (inexistente) cobrado por Luís Fabiano

Montillo continua sendo um jogador perigoso sempre que encosta na bola, mas foi bem marcado ontem e foi menos efetivo que em outras partidas. Nesses momentos quem deve aparecer é o outro meia, mas Roger, mais uma vez em uma partida decisiva, se omitiu. Participou pouco do jogo, assim como pouco cooperou tanto na marcação quanto na criação.

O ataque cruzeirense ainda é preocupante. Keirrison mostrou oportunismo no lance do gol, mas depois desapareceu do jogo, muito também em função da pouca produtividade dos meias ontem. E Farías, definitivamente, não tem condições de jogar no Cruzeiro. O argentino furou uma cabeçada, matou várias bolas na canela e foi facilmente marcado pela defesa são-paulina. Wellington Paulista, em forma, é muito superior, e Anselmo Ramon fez, ontem, o básico para um atacante: se posicionar bem em um lance de ataque, coisa impensável para o limitadíssimo Farías.

Keirrison abre o placar em uma de suas raras participações efetivas na partda

Houve evolução, inegavelmente, mas ninguém pode esquecer que o Cruzeiro somou apenas 3 pontos nos últimos 9 jogos. O empate contra um dos candidatos ao título e a vontade do time mexeram com o ânimo de jogadores e torcida, mas o caminho ainda é árduo. A equipe não passou a ser boa de ontem para hoje por causa desta partida. Ainda existem muitas deficiências a serem pelo menos minimizadas. O primeiro passo, que era mostrar vontade, foi dado.

Fotos: Vinnicius Silva




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