Atlético empata e a corda aperta o pescoço alvinegro


Uma equipe que tem 64% de posse de bola, joga em casa contra um rival direto na classificação, cria milhares de chances de gols e atua por cerca de 40 minutos com dois jogadores a mais deveria sair de campo vitorioso, certo? A lógica diz isso, mas o Atlético decidiu contrariar o que parecia evidente e ficou em um pífio 1 a 1 com o Ceará ontem na Arena do Jacaré.

Falar que simplesmente o time jogou bem porque criou várias chances e encurralou o adversário seria tapar o sol com a peneira. O Atlético mostrou várias deficiências e erros e mais erros, o que, isso sim, justifica o empate em um jogo mais do que decisivo. Qualquer conta que torcida, comissão técnica e diretoria alvinegra fez em algum momento incluiu três pontos contra o Ceará. Jogar dois pontos no lixo como o Galo fez ontem tem um efeito moral desastroso para time e torcida. Uma coisa é perder pontos diante do líder Vasco ou para o São Paulo, por exemplo, que luta pelo título. Outra é desperdiçar, em casa, pontos contra um rival direto na luta contra o rebaixamento.

Carlos César foi muito bem ofensivamente, mas deixa espaços na defesa

Em uma primeira análise, pode-se colocar na conta da ineficiência do ataque atleticano esse empate. Impressionante como jogadores de área, atacantes de ofício, perderam chances e mais chances. Faltou a André mais qualidade na definição, faltou a Magno Alves bater o pênalti como ele sempre bateu, forte e rasteiro. Além dos dois, Bernard e Carlos César erraram chances claras e a insistência em jogadas aéreas não trouxe nenhum resultado.

Magno Alves mudou forma de cobrar o pênalti, errou, mas deveria ter continuado em campo

Pelo chão, talvez, as chances poderiam ter resultado mais prático. Foi assim que o gol saiu, foi assim que aconteceu o pênalti e chances mais diretas, como a que Bernard mandou na lua. Mas, a partir do momento em que Cuca troca Magno Alves por Jonatas Obina, fica mais difícil jogar com a bola no chão. E a partir do momento em que Daniel Carvalho troca os passes objetivos por lançamentos e passes complicados, a coisa fica difícil. Quando joga objetivamente, Daniel pode mudar uma partida - ontem, por exemplo, deu passe preciso para Carlos César.

Galo insistiu em jogadas aéreas e o resultado foi desastroso


O meio-campo com Pierre ganha muito. A marcação fica mais forte e Fillipe Soutto, que foi mal em Porto Alegre, apareceu mais para o jogo e melhorou seu trabalho como marcador. A força dos volantes permite que Carlos César jogue mais avançado, mas isso deixa buracos do lado direito da defesa, por onde saiu o gol do Ceará. Espaço na lateral, zagueiros mal posicionados e Triguinho subindo com o atacante, na cara do gol. A fórmula para tomar um gol bobo estava escrita.

O time não soube colocar a bola no chão e ter tranquilidade para vencer um jogo decisivo, que parecia estar nas mãos. Cada setor da equipe mostrou falhas que terão que ser corrigidas em um curto espaço de tempo. Os erros de conclusão, a falta de criatividade do meio-campo e os buracos na defesa foram cruciais. Tempo para se salvar tem, jogadores para montar uma base que dê pelo menos entrosamento nos últimos jogos, tem também. Só que a corda está mais apertada no pescoço.

André abusou do direito de errar gols

Veja, abaixo, a sequência de jogos do Atlético. Para se salvar da degola, o time precisa somar, de acordo com os matemáticos, entre 16 e 19 pontos. Sem contar o clássico da última rodada, se vencer os jogos em casa, o Galo somaria 18 pontos e se salva. Resta saber se o time vai conseguir estes resultados.

8/10 - América, na Arena do Jacaré
13/10 - Santos, na Arena do Jacaré
16/10 - Vasco, em São Januário
22/10 - Fluminense, no Engenhão
30/10 - Palmeiras, na Arena do Jacaré
6/11 - Grêmio, na Arena do Jacaré
13/11 - Figueirense, no Orlando Scarpelli
17/11 - Coritiba, na Arena do Jacaré
19/11 - Corinthians, no Pacaembu
27/11 - Botafogo, na Arena do Jacaré
4/12 - Cruzeiro, na Arena do Jacaré

Fotos: Vinnicius Silva

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