Apaixonado por camisas de futebol

Sou um colecionador inverterado, maluco, viciado e apaixonado por camisas de futebol. Minha coleção mal cabe em caixas, armários, cabides e gavetas. Mas isso não indica que eu vou parar de comprar, de visitar sites e lojas e engordar ainda mais a coleção. Além disso, adoro usar minhas camisas, seja jogando bola ou passeando ou quando não estou fazendo nada. Se desse, usaria umas dez por dia....

Exatamente por isso, fiquei muito feliz quando li a crônica do amigo André Fidusi, que reproduzo abaixo. Espetacular. Claro que me vi em todas as situações descritas no texto, como sei que quem vai ler a crônica vai se identificar também. Eu, o Fidusi e outro grande amigo, o também jornalista Fábio Pinel, criamos o Camisaria Futebol Clube (www.camisariafutebolclube.blogspot.com), blog no qual apresentamos lançamentos, falamos de camisas das nossas coleções e expomos um pouco da nossa paixão por camisas. Não deixem de conferir. No dia 20 de março, inclusive, o Camisaria estará presente no Encontro de Colecionadores de Camisas que acontece em Belo Horizonte. O convite está aí, logo abaixo, da crônica do Fidusi.

Camiseiro

Julinho é um grande amigo meu. Doido por futebol. Daqueles que compram tudo: chaveiro, caneca, bandeira. Certa vez, ao pegar uma carona com ele, vi que carregava duas bolas oficiais iguaizinhas no porta-malas. Pensei: “Por que alguém carrega duas bolas dentro do carro?”. “Vai que uma fura?”, disse Julinho, como se lesse meu pensamento.

Mas um artefato futebolístico em especial era a grande paixão de Julinho: camisas de times. Tinha tanta camisa que deixava Marcinha, sua esposa, de cabelo em pé. Ir ao shopping era um tormento. Mas não por causa dela. Julinho ficava babando em toda loja de esportes que via pela frente, tipo cachorro olhando frango assado na padaria. E, é claro, saia com umas duas sacolas cheias, para desespero de Marcinha.

Apaixonado por times ingleses, um dia colocou uma camisa vermelha para ir a um batizado. Quando saiu do quarto, Marcinha deu aquela encarada e sapecou: “Eu não acredito que você vai com essa camisa!”, já com a voz irritada. “Meu bem, essa é a camisa do Liverpool, campeão da Champions de 2005! Número 8, do Gerrard, tem até o patch, olha só!”, retrucou contente. Ela não entendeu nada.

Não pense você que só de times famosos vive a coleção de Julinho. Nas últimas férias de final de ano, o casal viajou para o Pará. Marcinha planejou cada detalhe do passeio. Pontos históricos, praias, pato no tucupi, cidades do interior. Pois é, cidades do interior. Numa dessas, Marcinha quase perdeu as estribeiras. Julinho avistou uma minúscula lojinha de esportes. Pronto. Saiu de lá vestido com uma camisa do Ananindeua. Isso mesmo, do Ananindeua. “Julinho, nem os jogadores do time devem ter essa camisa!”, já desanimada. “Mas meu bem, o Ananindeua foi fundado no dia que eu nasci! E essa camisa é a do campeonato...”. Marcinha já está longe.

Mas Julinho era radical num ponto. Camisa de clube rival nem pensar. Dois em destaque não tinham lugar na sua vasta coleção. Não vou falar os nomes. Uma vez ganhou de um desavisado uma delas. No outro dia já estava à venda no Mercado Livre. Marcinha não entendia: “Mas você não coleciona camisas de futebol? Então?”. “Tudo tem limite, meu amor. Até a minha coleção”, esbravejou.

A relação dos dois já andava na corda bamba por causa dessa paixão, contra a qual Marcinha insistia em disputar. A gota d’água aconteceu num casamento. Ou melhor, antes dele. Julinho apareceu na sala, depois de horas se arrumando, com a camisa da Seleção Brasileira de 1914, aquela gola pólo com cordinha, por baixo do paletó. “Tô pronto, amorzinho”, disse ingênuo. Bastou. “Chega! Ou eu, ou essa maldita coleção!”, foi o ultimato de Marcinha.

Ontem encontrei Julinho. Ele me disse que sua coleção aumentou.


Comentários

  1. O Piu Piu diria: acho que vi um "Julinho".
    Outro loirinho (Gessinger) que achava que fazia rock diria: a história se repete mas a força deixa a história mal contada.
    Bacana Fred!!!!
    Marcelo Martins

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  2. posso participar desse encontro? sou gaúcho de Porto Alegre..

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  3. Pode sim, Charles. Ainda estamos definindo datas e locais. Acontecerão vários encontros em 2012. Avisarei aqui no blog e pelo twitter @FredericoJota. Abraços

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  4. Olá, eu sou da Argentina, um objectivo de solidariedade coletar t-shirts,
    mas fazê-LO só com VERMELHO E PRETO com listras verticais, se tens bom
    enviar-me uma saudação ao pé do link, incluem abaixo, é obrigado, por
    favor, faça menção de onde enviou-muitos obrigado.

    http://micolecciondefutbol.es.tl/Colecci%F3n-Fidel-Voglino.htm

    joeelpolentero@yahoo.com.ar
    Fidel

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