Valeu, Ronaldo!



Há menos de um mês, em uma reunião com amigos, alguém levantou a discussão sobre quem foi melhor, Ronaldo ou Romário, ambos responsáveis diretos pelas duas últimas Copas do Mundo vencidas pelo Brasil. Sem dúvida, dois dos maiores jogadores que já vi. Eu tive que dar uma opinião, não podia ficar em cima do muro. E, hoje, relembrando a carreira dos dois e lamentando o encerramento do ciclo de Ronaldo no futebol, tive a certeza de que dei a resposta certa: Ronaldo.

Tecnicamente, os dois são semelhantes, cada um com sua característica, mas Ronaldo jogou mais tempo em alto nível, em campeonatos europeus de peso, e com sucesso. Romário optou por voltar ao Brasil no auge da carreira e foi brilhante, espetacular, mas enquanto Ronaldo continuava a fazer gols por Internazionale e Real Madrid, o genial Baixinho jogava o Campeonato Carioca. Esse foi o critério que eu usei.

Como belo-horizontino, tive o prazer de ver o início da carreira de Ronaldo mais de perto e ele era realmente incrível. Dono de uma habilidade impressionante, aliada à velocidade e à capacidade de conduzir com técnica a bola, era um jogador muito difícil de ser parado. No PSV, o grande público pouco acompanhou Ronaldo, mas 54 gols em 57 jogos não são qualquer coisa. No Barcelona (foto acima) ele deu gosto de ser visto. Fez 47 gols em 49 jogos e em um time não tão espetacular como o atual Barça, só não fez chover.

Não acertou um aumento de salário com o time catalão e topou o desafio de jogar no duríssimo futebol italiano. E foi lá que ganhou o apelido "Fenômeno". Acho que não preciso falar mais do que isso para resumir sua passagem pela Internazionale. Ronaldo foi ingrato com o time de Milão, que o esperou recuperar de sua mais séria contusão para logo depois vê-lo acertar com o Real Madrid. Para quem não sabe, Ronaldo fez 104 gols com a camisa merengue e protagonizou vários momentos espetaculares junto com outros galáticos. Se o objetivo do Real fosse mais esportivo do que de marketing, os bons momentos se reverteriam em mais títulos, apesar de Ronaldo ter sido bicampeão espanhol e ter levantado um Mundial Interclubes por lá.

Uma passagem desastrada pelo Milan não tirou o seu brilho. Voltou ao Brasil acima do peso, mas com uma técnica capaz de dar dois títulos em um semestre ao Corinthians. Entendo que deve ter sido duro para ele definir que penduraria as chuteiras, mas fico com a impressão de que se tivesse se dedicado mais um pouco, jogaria, com sua técnica exuberante, mais 4 ou 5 anos facilmente acima da média dos demais. Uma pena.

Maior artilheiro da história das Copas, campeão do mundo em 2002, vice em 1998, quando carregou nas costas injustamente o fracassso de um time mal treinado por Zagallo, Ronaldo fez partidas memoráveis pela Seleção Brasileira, superou contusões terríveis e nem mesmo uma bobagem ou outra extracampo arranhou seu brilho. Brilho de um ídolo que o futebol, especialmente o brasileiro, ainda bem, tem a capacidade inesgotável de criar. Fica um vazio no mundo da bola sem Ronaldo. O futebol tem muito a agradecer ao Fenômeno.

Algumas curiosidades:

  • 414 gols na carreira, assim distribuídos: Cruzeiro (44); PSV (54); Barcelona (47); Internazionale (59); Real Madrid (104); Milan (9); Corinthians (35) e Seleção Brasileira (62).
  • 18 prêmios individuais, entre eles três troféus de melhor do mundo pela Fifa (1996, 1997 e 2002).
  • 8 artilharias, inclusive uma de Copa do Mundo, em 2002
  • 17 títulos, entre eles duas Copas do Mundo (1994 e 2002)

Comentários

  1. O Ronaldo foi um exemplo de superação para todos os atletas. Responsável por lances inacreditáveis sem perder a objetividade de um atacante, trouxe alegria ao futebol mundial. É sem sombra de dúvidas o melhor jogador dos últimos anos, levando em consideração o critério de que foi o que jogou mais tempo em alto nível. Quando esteve mal em campo pelo Corinthians foi o melhor em campo, mesmo estático por causa do peso. Dono da arrancada mais fatal de todos os tempos deixou todos os marcadores para trás, Maldini que o diga. Todos os brasileiros que gostam do bom futebol vão sentir saudades do último gênio da bola.

    Ass. Márcio Martins

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  2. Gênio em campo e um mercenário mentiroso fora dele, sim, como flamenguista tenho mágoa dele, entendo as razões dele ao abandonar quem o recebeu de braços abertos, afinal a Nike estava saindo do Flamengo e não poderia deixar sua estrela de patrocínio vitalicio jogar ali.

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