Rússia e Catar

Não vou negar que fiquei mais supreso com a escolha da Rússia como sede da Copa de 2018 do que com o fato de o Catar ter vencido a concorrência para receber o Mundial em 2022. Esperava que, pela maior tradição e pelo fato de ter mais estádios e infraestrutura, Inglaterra e a candidatura conjunta entre Portugal e Espanha levariam a disputa com mais tranquilidade.
Berço do futebol e hoje com o campeonato nacional mais lucrativo do mundo, a Inglaterra mereceria receber depois de mais de 40 anos a Copa em seus magníficos e, ao mesmo tempo, charmosos estádios. Os portugueses tinham a seu favor a estrutura montada para a Euro 2004. A Espanha, por sua vez, tem uma liga poderosa - apesar de ter apenas dois candidatos ao título - e ótimos estádios.
Mas quando vi Sepp Blatter levantar o papel com o nome da Rússia, a ficha caiu. Inglaterra e Espanha, especialmente, e Portugal, em menor escala, não precisam da Copa para fomentar a paixão pela bola. A Rússia, que até agora só tem um estádio 100% pronto, precisaria de um Mundial para crescer o mercado e expandir os limites e os poderes da Fifa.
Logo, a escolha para 2022, para mim, estaria entre Austrália, que eu julgava ser favorita, e Catar. Japão, Coréia do Sul e Estados Unidos já tinham sido brindados recentemente. E a Copa vai ao Oriente Médio. Mercado em crescimento, novo, ávido por receber ídolos mundiais. Resta saber se o efeito vai ser o mesmo a longo prazo com o que aconteceu em terras norte-americanas. De 1994 para cá, os caras até aprenderam a jogar (mais ou menos) futebol, mas nada indica que o Mundial que deu o tetra ao Brasil mudou muita coisa em relação ao fanatismo dos torcedores do país de Michael Jordan e Mickey Mouse. É esperar para ver.

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