Breitner, o versátil craque alemão politizado

Paul Breitner foi lateral e meio-campo, usou cabelo black power, era fã de Che Guevara e Mao. Mas, além disso, jogava muita bola. O craque fez gols em duas finais de Copa. Só isso!

Nas Copas do Mundo, a partir de 1966 a Fifa implantou o jogo de abertura, em um dia específico, normalmente um antes do início dos demais jogos. A princípio, com o time da casa. E... em 1966, nada de bola no barbante. Em 1970, também não. Em 1974, para tentar mudar essa história, a Fifa colocou o Brasil, o último campeão, para ver se resolvia o problema. Nada. Mais um 0 a 0. O gol inaugural ficaria para o dia seguinte. E desta vez foi feito por um craque. O alemão Paul Breitner. Pelo menos em 1974, o primeiro gol do Mundial saiu no jogo do time da casa.

Diante de 81.100 pessoas no Estádio Olímpico de Berlim, no dia 14 de junho, Breitner acertou um baita chute de fora da área aos 14 minutos do jogo contra o Chile. O gol serviu para dar a vitória aos donos da casa e iniciou a campanha que terminaria com o jejum de 20 anos sem Copas do Mundo da Alemanha. 

Na fase de grupos, a Alemanha venceu a Austrália por 3 a 0 e... perdeu por 1 a 0 para a Alemanha Oriental, derrota que jogou o time da casa para o grupo teoricamente mais fraco do Mundial na semifinal, com Polônia, Suécia e Iugoslávia. No outro, Holanda, Brasil, Argentina e Alemanha Oriental. Só o líder iria para final e como todos sabem, a eficiência alemã levou a melhor sobre a magia holandesa.

Versátil e multicampeão
Breitner foi um monstro e o André Fidusi o retratou muito bem neste desenho abaixo. Lateral-esquerdo de origem, jogou também no meio de campo. Cerebral dentro e fora de campo, foi um dos pilares do Bayern de Munique na conquista de sua primeira Champions League (então Copa dos Campeões), em 1974. Na mesma temporada foi para o Real Madrid e ganhou dois Campeonatos Espanhóis em sequência, além de uma Copa del Rey. Ficou na Espanha até 1977, quando retornou para a Alemanha para jogar uma temporada pelo Eintracht Braunschweig. Em 1978, estava de volta ao Bayern, onde ficou até encerrar a carreira, em 1983. Pelo clube bávaro, além do título europeu, conquistou 5 Bundesligas e duas Copas da Alemanha.



Pela Alemanha, com 21 anos já era titular da equipe que venceu a Eurocopa em 1972. Dois anos depois, seguiu no time principal que venceria a Copa do Mundo em casa. Disputou ainda o Mundial de 1982, na Espanha, quando foi vice-campeão - fez o gol de honra alemão na final contra a Itália (1 a 3). Só não jogou em 1978, na Argentina, porque logo após a Copa de 1974 decidiu não mais jogar pela seleção. Voltou em 1981, após pedido do técnico Jupp Derwall, com quem teve atritos nos anos 1970. No total, o craque fez apenas 48 jogos pela Alemanha - e marcou 10 gols.

Veja abaixo o golaço de Breitner contra o Chile, na Copa de 1974



Dois gols em finais: feito para poucos
Em 1974, além do importante gol na estreia, Breitner fez o gol de empate da Alemanha na final contra a Holanda, de pênalti. E fez também em 1982, em chute de dentro da área. Além dele, só Pelé (1958 e 1970), Vavá (1958 e 1962) e Zidane (1998 e 2006) marcaram gols em duas finais de Copas. Sua categoria ficou evidente nos prêmios individuais que colecionou na carreira. Fez parte dos times ideais da Eurocopa de 1972 e da Copa do Mundo de 1974, foi o jogador do ano na Alemanha em 1981, mesmo ano que foi o segundo melhor jogador da Europa, entre outras conquistas. 

Fã de Che e Mao
Estudante de Sociologia e Psicologia, Breitner é lembrado não só pela cabeleira black power como também pelas fortes convicções políticas. Manifestou simpatia por Che Guevara e foi visto com uma fotografia de Mao Tsé-Tung. Nos tempos de Real Madrid, não teve papas na língua ao afirmar que o clube foi ajudado pelo ditador Franco nos anos áureos da década de 1950. Breitner encerrou a carreira com apenas 31 anos e mesmo fora dos campos não deixou de se envolver em polêmicas, afirmando que existia doping em clubes e na seleção alemã na época em que jogava.

Confira os outros capítulos desta série
1930 - Lucient Laurent
1934 - Ernesto Belis
1938 - Joseph Gauchel
1950 - Ademir de Menezes
1954 - Milos Milutinovic
1958 - Agne Simonsson
1962 - Héctor Facundo
1966 - Pelé e Sigi Held
1970 - Dinko Dermendzhiev


Comentários