História do Cruzeiro na Libertadores - 1976: A primeira conquista, com muitos gols, craques e superação


Depois de duas participações excelentes, mas que não resultaram em títulos, o Cruzeiro voltou à Libertadores em 1976 na condição de vice-campeão brasileiro de 1975. E chegou para arrasar. Conquistou o título de uma forma brilhante, com um ataque poderoso, jogos inesquecíveis e tragédias superadas ao longo da trajetória. A história da primeira conquista sul-americana é o tema deste post, o terceiro que mostra a história do Cruzeiro na Libertadores.

A base do time que perdeu para o Internacional o Brasileirão de 1975 foi mantida e reforçada com a chegada do tricampeão mundial Jairzinho, que se mostraria fundamental para a conquista. A espinha dorsal misturava jogadores com grande histórico no clube, como Raul, Zé Carlos, Palhinha e Piazza, aliada a atletas jovens ou com menos tempo de casa que não só se firmavam como se transformavam em titulares absolutos e até em futuros ídolos do clube, como Nelinho, Joãozinho, Eduardo e Roberto Batata.

Na primeira fase, o Cruzeiro formou o grupo 3 com o Internacional e com os paraguaios Olimpia e Sportivo Luqueño. Apenas o campeão do grupo seguiria em frente. O Cruzeiro dominou a chave com tranquilidade e estreou no torneio com um dos maiores jogos da história do Mineirão, um incrível 5 a 4 contra o Internacional, diante de 65.463 torcedores. O Cruzeiro estreou com Raul; Nelinho, Moraes, Darci Menezes e Vanderlei; Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata (Isidoro), Jairzinho, Palhinha e Joãozinho. O técnico era Zezé Moreira.

Com dez minutos de jogo, Palhinha já tinha feito 2 a 0, o que dava sinais de tranquilidade. Mas Lula diminuiu aos 14. Joãozinho fez 3 a 1 aos 21, mas Valdomiro diminuiu aos 39. No segundo tempo, Zé Carlos, contra, empatou para o Inter, aos 6 minutos O incrível jogo voltou a ter a vantagem do Cruzeiro aos 18, com Joãozinho. Sete minutos depois, Ramon fez 4 a 4. Aos 40 minutos, Nelinho fez o gol da vitória, em jogo em que Palhinha agrediu Figueroa e foi expulso. Confira abaixo todos os gols do jogo histórico:


Após a vitória na estreia, o Cruzeiro foi ao Paraguai fazer dois jogos em cinco dias ambos no estádio Defensores Del Chaco. Fez 3 a 1 de virada no Sportivo Luqueño (gols de Roberto Batata, Nelinho e Joãozinho) e empatou com o Olimpia em 2 a 2, depois de estar perdendo por 2 a 0, com gols de Joãozinho e Darci Menezes. No returno do grupo, o Cruzeiro passeou. Fez 4 a 1 no Sportivo Luqueño no Mineirão, diante de 33.228 torcedores, gols de Palhinha (2), Eduardo e Jairzinho. No Beira-Rio lotado, eliminou o Inter com uma vitória de 2 a 0, gols de Jairzinho e Joãozinho, e fechou a primeira fase com tranquilos 4 a 1 no Olimpia, no Mineirão, diante de 42.189 torcedores, gols de Jairzinho (2), Nelinho e Eduardo.



Naquela época, o classificado de cada grupo ia direto para a fase semifinal, formada por dois grupos de três. Os adversários do Cruzeiro eram a LDU, do Equador, e o Alianza, do Peru. E mais uma vez, o time mineiro deu espetáculo, vencendo os quatro jogos e se classificando com tranquilidade para a final. Nos jogos de ida, fora de casa, 3 a 1 na LDU, em Quito, gols de Palhinha (2) e Joãozinho, e 4 a 0 no Alianza, em Lima, gols de Roberto Batata, Joãozinho (2) e Jairzinho.

Roberto Batata: um perda trágica durante a campanha

O que estava se caminhando para uma festa nos jogos de volta no Mineirão, se transformou em tristeza com a morte de Roberto Batata em 13 de maio, um dia depois da vitória no Peru. O acidente de carro traumatizou o time, que entraria em campo no dia 20 ainda bastante abalado. A homenagem veio com um 7 a 1 sobre o Alianza, sete como o número que Batata usava. Diante de 28.235 torcedores, show de Jairzinho, que fez quatro gols, e Palhinha, que fez os outros três. Encerrando a fase de grupos, diante de 26.078 torcedores, 4 a 1 na LDU, gol de Nelinho, Palhinha, Jairzinho e Ronaldo. Veja abaixo alguns gols do 7 a 1 sobre o Alianza:


O adversário da final foi o River Plate, tradicional, mas que também ainda não tinha uma Libertadores em sua sala de troféus. O River teve uma semifinal dura, em um grupo complicado com o então campeão Independiente e o sempre forte Peñarol. O time argentino também era formado por estrelas, como o goleiro Fillol, os zagueiros Passarella e Perfumo e o atacante Luque.

No jogo de ida, outro show do Cruzeiro no Mineirão, 4 a 1, diante de 58.720 torcedores, gols de Nelinho, Palhinha (2) e Valdo. O jogo de volta, no Monumental de Nuñez lotado com 90 mil pessoas, poderia ter valido a faixa, mas a vitória do River por 2 a 1 (gols e J.J. López e Pedro González, contra um de Palhinha), forçou a realização de um terceiro jogo, em campo neutro. O regulamento não considerava o saldo de gols.

Em 30 de julho, o Estádio Nacional, em Santiago, no Chile, foi o palco da decisão, vista por 35.182 torcedores. E, mais uma vez, o que parecia ser uma vitória tranquila, se transformou em um momento de superação e sofrimento. O Cruzeiro fez 1 a 0 com Nelinho, aos 24 minutos do primeiro tempo. Aos 10 do segundo, Eduardo fez 2 a 0. O River reagiu e empatou com gols de Más, aos 13, e Urquisa, aos 17. Quando todos esperavam a prorrogação e Nelinho esperava para bater uma falta na entrada da área, Joãozinho apareceu de surpresa e cobrou, aos 43 minutos, direto nas redes de Landaburu. Cruzeiro 3 a 2, com direito a bronca de Zezé Moreira no "irresponsável" Joãozinho, que não era o cobrador de faltas da equipe. O time campeão no Chile: Raul; Nelinho, Moraes, Darci Menezes e Vanderlei; Piazza (Valdo) e Zé Carlos; Ronaldo, Eduardo, Palhinha e Joãozinho. Veja os melhores momentos da final no vídeo abaixo:

   
A conquista, a primeira de um time brasileiro desde o Santos de Pelé, em 1962 e em 1963, corou um time repleto de craques e que fechou o torneio com números expressivos, com goleadas e grandes jogos. Palhinha foi o artilheiro, com 13 gols em 11 jogos, seguido por Jairzinho, com 12 gols em 12 partidas. Motivos que escreveram de vez o nome do Cruzeiro na história da Libertadores.

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