Atlético larga com folga diante do Cruzeiro na final do Mineiro


O clássico mineiro mais aguardado dos últimos anos. De um lado, um time invicto em 2013 e, mesmo em formação, jogando um bom futebol, dando provas de que está no caminho certo. De outro, o atual vice-campeão brasileiro, dono da melhor campanha da primeira fase da Libertadores e já classificado para as quartas de final da competição. Era só um jogo de Campeonato Mineiro, mas é um clássico e um clássico tem todas as suas implicações. Se ganhar o estadual não vale lá muita coisa, derrotar o maior rival vale. Perder o estadual pode não alterar em nada o planejamento para o restante do ano, mas perder para o rival causa irritação na torcida e não deixa de colocar pressão na equipe.

Tardelli marcou o segundo gol e deu opções de jogadas durante toda a partida
O cenário era esse, irresistível. O primeiro jogo no Independência desde a reabertura do estádio com duas torcidas. E valeu o fator campo, valeu a maior experiência, a técnica, o entrosamento e o arsenal de jogadas de um time que está sendo preparado há quase dois anos. O Atlético fez 3 a 0 e poderia ter feito mais. O Cruzeiro criou algumas chances, deu a impressão no início de que encararia o rival, mas jogou abaixo de seu nível e não resistiu à superioridade atleticana. O Cruzeiro precisa vencer por três gols de diferença para conquistar o título no próximo domingo. Possível, mas muito difícil.

O Atlético mostrou, mais uma vez, várias das características que fazem o time ser muito difícil de ser batido. As brechas dadas em outros jogos foram minimizadas ontem, assim como já havia acontecido contra o São Paulo. As subidas dos laterais, Marcos Rocha especialmente, foram cobertas e a bola saía dos volantes para a armação com qualidade. A velocidade e as alternativas dadas por Bernard e Tardelli eram um tormento para a defesa do Cruzeiro. E, para complicar o time de Marcelo Oliveira, o Atlético apresentou jogadas diferentes, pelos lados do campo e em tabelas rápidas e envolventes, algo bem distante do excesso de chutões e lançamentos que marcou o time no Brasileirão do ano passado.

Borges ficou muito isolado e recebeu poucas bolas dos meias cruzeirenses
O Cruzeiro, por sua vez, viu algumas peças não funcionarem. Éverton Ribeiro, um dos destaques do ano, pouco apareceu e foi substituído no intervalo. Diego Souza chamou o jogo e participou bastante da partida, mas, exceto pela bola na trave no segundo tempo, foi pouco efetivo. Com Éverton Ribeiro em um dia ruim, o ataque sentiu os reflexos. Borges ficou muito isolado e Dagoberto não soube aproveitar as (poucas) brechas dadas por Marcos Rocha. Os volantes cruzeirenses também tiveram dificuldade para sair jogando e fazer a bola chegar com mais qualidade aos meias. Com a missão de marcar o veloz ataque atleticano, Ceará e Éverton subiram menos que de costume.

No primeiro tempo, o Atlético foi muito mais efetivo, criou várias chances e foi incompetente na hora de finalizar. O Cruzeiro colocou, quando possível, a bola no chão e chegou a cadenciar a partida por alguns minutos. Na prática, a quantidade de finalizações mostrou a diferença da objetividade. Nos quatro primeiros minutos, uma arrancada de Diego Souza, uma cabeçada de Bruno Rodrigo e chutes de Leandro Guerreiro e Nílton deram a impressão de que o time azul iria encarar o Galo no Independência. Foi quando o time de Cuca partiu para cima. Ronaldinho quase fez aos 11 e Jô abriu o placar aos 15, depois de jogada de Ronaldinho e Marcos Rocha, que aproveitou um vacilo de Éverton e tomou a bola do lateral cruzeirense com facilidade. Jô, aos 23, Tardelli, de cabeça, aos 25, Marcos Rocha, aos 31, Richarlyson, aos 32, e Gilberto Silva, aos 33, desperdiçaram chances de ampliar, enquanto o Cruzeiro só apareceu aos 17, em um chute prensado de Borges. No balanço da arbitragem do primeiro tempo, erro ao não marcar pênalti de Bruno Rodrigo em Réver, que teve a camisa puxada dentro da área.

Jô e Tardelli: artilheiros do Atlético em 2013

Com Egídio e Ricardo Goulart nos lugares de Éverton e Éverton Ribeiro, o Cruzeiro equilibrou o jogo no início da segunda etapa, com chutes de Egídio e Dagoberto defendidos por Victor. Aos 8 minutos, porém, Bruno Rodrigo segurou Ronaldinho e foi expulso. Dagoberto saiu e entrou Paulão. Ainda assim, o lance mais claro depois da expulsão foi de Diego Souza, que acertou a trave de Victor, aos 14 minutos. E só. Parou por aí a tentativa cruzeirense de equilibrar o jogo. Jô e Leandro Donizete já tinham perdido chances quando, aos 27, Tardelli fez 2 a 0 e, aos 33, Marcos Rocha fez o terceiro. A partir daí, o Galo administrou a vantagem e o Cruzeiro pouco assustou. O balanço da arbitragem na etapa final também contabilizou um erro, a não expulsão de Réver, que já tinha amarelo e fez falta em Ricardo Goulart que merecia um outro cartão, fato que não alteraria o jogo de ontem, pois aconteceu bem no final.

Ceará ficou mais preso à marcação e teve dificuldade para segurar o ataque atleticano


A vitória foi justa e reforça ainda mais o bom momento do Galo, dando combustível para a continuidade da boa fase também em outras competições. A derrota não diminui em nada o bom papel do Cruzeiro até aqui em 2013, um time em montagem e com muito mais qualidades do que defeitos. O resultado do estadual não pode definir todo uma temporada. Nem para o bem, nem para o mal.

Fotos: Bruno Cantini/Atlético (Tardelli e Jô) e Washington Alves/ Vipcomm (Borges e Ceará)

Comentários

  1. Belo texto.

    Sintetisou muito bem o sentimento e a carência do povo brasileiro.

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  2. Gostei, grande visão do jogo, e imparcial. E vou acompanhar sempre.

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