Erros, falta de criatividade e limitação: Cruzeiro abre Mineiro com derrota

Depois de não empolgar em nenhum momento em seus dois amistosos pré-Campeonato Mineiro, contra América e Mamoré, o Cruzeiro mostrou ontem, em seu primeiro jogo oficial em 2012, que a realidade pode ser pior do que o torcedor imagina. O péssimo futebol apresentado diante do limitado Guarani de Divinópolis assustou e a fragilidade da equipe comandada por Vágner Mancini se refletiu na derrota de 1 a 0 em plena Arena do Jacaré.

Os problemas ficaram bem evidenciados. Com uma formação nem um pouco criativa, com três volantes que mostraram claras deficiências na armação de jogadas e na ligação com Montillo, laterais com dificuldades para defender e apoiar e um ataque inoperante, o Cruzeiro chegou ao absurdo de dar ao Guarani a tranquilidade suficiente para controlar a vantagem, conquistada no primeiro tempo. A tranquilidade do time de Divinópolis veio pelos pés de Luizinho, Walter Minhoca e Leo Medeiros, experientes jogadores que tocaram a bola com qualidade para segurar a vitória do Bugre, que, se tivesse mais categoria, poderia ter feito mais gols em contra-ataques.

Amaral foi um dos volantes que pouco ajudou na criação de jogadas do Cruzeiro

Com um bom tempo de pré-temproada, a expectativa era que o Cruzeiro conseguisse, ao menos, mostrar um pouco de entrosamento, o que não aconteceu. Uma quantidade absurda de erros de passe evidenciou os problemas técnicos. Quase que a totalidade das jogadas criativas passou pelos pés de Montillo, que não teve quem o ajudasse. Nem os volantes souberam jogar com o argentino e nem os atacantes o auxiliaram. Wallyson, ainda fora de ritmo, pouco acrescentou, mas é a melhor opção disponível no grupo para acrescentar algo mais ao setor.

Não existe problema algum em escalar uma equipe com três volantes. O problema é quando nenhum dos três tem qualidade suficiente para sair jogando. O Cruzeiro se acostumou nos últimos anos a sempre ter um volante que se aproximou dos meias de criação e participou de jogadas ofensivas. Ontem, Marcelo Oliveira até apareceu mais para o jogo, mas errou demais.

Gílson teve atuação discreta e pouco apareceu na partida contra o Guarani

Se os volantes não ajudaram, os laterais também não cooperaram. Uma sucessão de erros de marcação e a limitação ofensiva comprovaram que são setores carentes da equipe. A maior qualidade de Diego Renan e Gílson, o apoio ao ataque, não foi visto. Marcos, que deve ser o titular de Vágner Mancini, pouco mudou a situação na lateral direita. A pressão da torcida sobre Diego Renan piorou ainda mais a atuação do jogador, que, nitidamente nervoso, errou mais.

A falta de opções de qualidade no banco de reservas evidenciou que o grupo não está sendo bem formado. Não existe, exceção feita a Wallyson (em forma), algum jogador no Cruzeiro que possa entrar no jogo e mudar uma partida. E me parece que Vágner Mancini ainda não sabe bem como montar a equipe titular. Dos que ainda podem entrar no time e que podem acrescentar alguma coisa, apenas Roger e Walter. Pouco ainda.

O ano está só começando e, se analisar pelo lado positivo, é até melhor que os erros fiquem claros logo de cara, porque, assim, ainda terá tempo para corrigir. Só não acho pedir Luxemburgo é a melhor saída. O treinador campeão brasileiro de 2003 há muito tempo deve um trabalho consistente, é caro e não anda conseguindo montar bons elencos. Vágner Mancini tem muitas dificuldades para montar um time competitivo e o saldo de seu trabalho até aqui no Cruzeiro é fraco, mas quem contrata jogadores também tem sua parcela de contribuição. A montagem de um elenco limitado é, hoje, o maior problema. Tem tempo ainda para mudar.

Fotos: Washington Alves/Vipcomm