Apático, Cruzeiro é goleado, se complica e tem que mudar o astral para se salvar



O Cruzeiro poderia ter vencido o Flamengo ontem, no Engenhão? Sim, podia e teve chance para isso, por mais incrível que possa parecer. Mesmo sem ser brilhante, não correu riscos até fazer 1 a 0 com Anselmo Ramon e desperdiçar duas chances claras, uma no pênalti mal batido por Victorino e outra na conclusão equivocada de Farías, que chutou na trave uma bola em que era relativamente tranquila para mandar para as redes. Os dois erros resultaram em um descontrole impressionante, seguido por uma apatia que permitiu que o time carioca empatasse o jogo ainda no primeiro tempo e matasse com absurda tranquilidade a partida no início da etapa final. Nas atuais circunstâncias, perder para o Flamengo no Engenhão pode ser considerado um resultado normal. Por 5 a 1 e da forma como foi é que é anormal.

Uma série de erros da diretoria fez com que o time atual seja muito limitado. Mesmo assim, o Cruzeiro tem algumas peças que fazem o diferencial da equipe. Quando alguma delas falha ou joga abaixo da média, a coisa complica. Ontem, Fábio fez sua pior partida com a camisa do Cruzeiro, Victorino estava completamente perdido, assim como Fabrício, que não combateu nem conseguiu fazer a ligação Montillo. O argentino, que sofreu o pênalti, não teve alguém que o ajudasse a criar, sumiu do jogo e saiu contundido. Mas crucificar algum desses jogadores é injusto. Eles ainda têm crédito e foram responsáveis por muitos dos pontos arduamente conquistados pelo Cruzeiro neste Brasileirão.

Os quatro jogadores formam a espinha dorsal de um time com várias deficiências, sem peças de reposição e sem uma formação tática definida. Os três zagueiros ontem estavam completamente perdidos e os laterais, que deveriam ser uma válvula de escapa nas subidas ao ataque, não passaram do meio-campo e foram muito mal defensivamente. A defesa estava tão bagunçada que, mesmo com três zagueiros, foi Marquinhos Paraná quem estava disputando uma bola de cabeça com Thiago Neves em um dos três gols do meia.

O Cruzeiro não soube concluir as chances que criou e ao invés de controlar o jogo e segurar a vantagem, deu espaços e mais espaços. Deivid empatou o jogo após receber a bola completamente livre no meio-campo e chutar sem marcação. Na etapa final, Luxemburgo colocou o jovem volante Muralha, que tem características mais ofensivas que Maldonado. Sem qualquer combate de atacantes e meias, Muralha saiu do campo de defesa para participar de dois gols rubro-negros.

O time está na zona de rebaixamento e depende só dele para sair, já que enfrenta o Ceará, time que está uma posição acima. A questão é controlar o emocional. Hoje, a equipe está muito abalada e se perde facilmente em campo com qualquer adversidade. Falta comando para segurar a rédea e comando é uma coisa que o Cruzeiro pouco teve em 2011. Vágner Mancini, que é limitado, mas não tem culpa de comandar um elenco frágil, deve ao menos manter uma equipe titular e um esquema fixo. O desentrosamento e a dificuldade dos jogadores em se adaptar às mudanças é nítido. O momento é de fazer o básico - e o time conseguiu isso por um tempo ontem contra o Flamengo. A torcida, que está envergonhada e tem todo o direito de protestar, deve se unir nos últimos jogos para tentar passar uma energia que, ao que parece, não tem em campo.

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