Torcedor confere de perto abertura da Copa das Confederações em Brasília e conta como foi ao blog



O amigo Roberto Amorim esteve presente na abertura da Copa das Confederações no último sábado, data da partida entre Brasil e Japão, vencida pelo time de Felipão por 3 a 0 no estádio Nacional (ou será Mané Garrincha?), em Brasília. Foi o primeiro contato dele com a nova arena (ou será estádio?). Nesse relato exclusivo para o blog, ele conta e mostra em fotos quais as impressões que teve do esquema de segurança, do acesso ao local e dos problemas que teve. Deu a entender que foi aprovado, mas ainda faltam alguns detalhes. Confiram:





Passava das 12h quando saí de casa com minha esposa em direção ao estádio Mané Garrincha, que fica a 25km de onde moro. Escolhemos o metrô como meio de transporte para sair de Águas Claras. Em 30 minutos já estávamos em um dos vários shoppings próximos ao estádio para almoçar. Ônibus foram disponibilizados pelo Governo do Distrito Federal para levar os torcedores da estação do metrô (distante 2km do Mané Garrincha) até o ponto de desembarque mais próximo, localizado na Torre de TV (a uns 500m do estádio). Decidimos ir a pé, pois o Eixo Monumental estava fechado para carros e a caminhada seria bem tranquila, como mostra a foto abaixo.


Muitas pessoas se dirigiam ao estádio por volta das 14hs, não só para evitarem tumultos de última hora como também para assistirem a cerimônia de abertura, estranhamente marcada para as 14h15 e com apenas 20 minutos de duração. Confesso que não entendi porque tal cerimônia não foi agendada para as 15h30, para permitir uma sequência de eventos com as equipes entrando em campo, a abertura da competição pelas autoridades, a execução dos hinos nacionais e o pontapé inicial da partida. Permitiria, ainda, que mais pessoas acompanhassem a cerimônia de dentro do estádio, pois as filas para passarmos pelos detectores de metal eram enormes. Enfim...


Próximos ao estádio percebemos que o que outrora era um enorme estacionamento fora transformado em um imenso espaço vazio asfaltado. Um contrasenso, já que os estacionamentos disponíveis para veículos “não-autorizados” (ou seja, do torcedor comum) estavam a quilômetros de distância. Uma parte do estacionamento desativado foi aproveitado para instalação de alguns detectores de metal. Uma fila indiana estava formada, e se estendia quase a perder de vista. Apenas um lado do estádio permitia acesso pelos torcedores comuns, pois a outra metade estava destinada a autoridades e seus convidados de honra. Uma vergonha. De repente, manifestantes vestidos de preto correm para o meio da fila, seguidos pela cavalaria da Polícia Militar. Era uma vez uma fila indiana mais ou menos organizada. Corre-corre para todo lado, manifestantes querendo entrar no estádio sem pagar e quem tinha ingresso querendo fugir do confronto, se espremendo nos gradis que organizavam as filas. Próximo a nós, um senhor tirou um destes gradis do lugar e, temendo confusão, o seguimos. Para evitar a confusão, a fila se transformou num imenso aglomerado de pessoas querendo acessar a fila restrita do raio X e fugir do confronto (que, eu soube depois, teve bombas de gás e balas de borrachas). A foto a seguir mostra o início do tumulto ao redor dos postos de controle.


Já na área externa do estádio, os portões estavam bem identificados, mas faltavam placas de sinalização dos setores. Apesar disso, havia muitos voluntários para tirarem dúvidas. Nosso portão era o G e, perto das 14h, não havia quase ninguém para entrar por ele. Os voluntários responsáveis pelas catracas “disputavam” torcedores no grito. “Não me deixem só, venham por aqui!” foi uma das coisas que ouvimos. Bem-humorados, nem se incomodaram em pedir o documento de identidade de cada um. O acesso à  arquibancada foi bem tranquilo, com rampas de pequena inclinação e setores bem divididos. A grandiosidade do estádio ainda carece de acabamento. Nosso sentimento era de estarmos numa obra inacabada, pois não havia pintura em nenhuma parte de concreto, além de haver muita poeira de obra e buracos nas rampas de concreto de acesso ao estádio.


O acesso às cadeiras foi tranquilo, apesar de os setores só estarem numerados na parte interna (a dos bares e banheiros). Confundimos o lado do nosso setor mas nada de grave. Poderia haver indicações nas laterais das cadeiras ou algo assim. Da mesma forma, a indicação das fileiras era apenas uma pequena pintura em vermelho nos degraus da arquibancada. Muito precário. As poltronas eram confortáveis e o espaço para as pernas bem tranquilo. A inclinação do anel superior do estádio é comparável a de estádios como o Santiago Bernabéu, Camp Nou e Amsterdam Arena, ou seja, normal para um estádio deste porte. A visão do campo é perfeita em cada assento, mesmo com as barras de proteção instaladas em todos os degraus do anel superior. A diferença é que elas são mais baixas que as do Independência, por exemplo, e vazadas, como pode ser conferido na foto abaixo. Nada daquela grade em forma de quadradinhos do estádio de BH.



A cerimônia de abertura foi simples, mas bacana. Muitos detalhes passaram despercebidos pelo público do estádio, mesmo com os excelentes telões do Mané Garrincha, como os detalhes dos símbolos das seis cidades-sede da Copa das Confederações desenhados na enorme lona com o formato do Brasil. Antes do início da partida tentei comprar uma cerveja, mas fiquei 20 minutos na fila sem sair do lugar e desisti. O esquema de atendimento, da mesma pessoa que cobra entregar o pedido, não foi eficiente. Filas enormes se formaram (foto abaixo). No começo do jogo já não havia mais cerveja e cachorro quente nos bares do meu setor e os banheiros femininos não tinham água para os vasos sanitários. Relatos de amigos de outros setores davam conta de bares mais tranquilos, apenas que a cerveja nacional havia acabado. Num outro ponto do estádio informaram que a venda de cerveja foi proibida a partir dos 15 minutos do segundo tempo para evitar tumultos ao final da partida.


Durante a partida nenhum incidente visível foi registrado, nenhuma briga foi vista e nenhum uso de força por parte da segurança do evento foi necessária. A saída após o final do jogo foi extremamente tranquila e pacífica e o caminho de volta até o metrô muito bem policiado. Considerando que era meu aniversário, posso dizer que foi um presente bem bacana poder assistir a um evento dessa natureza na cidade onde vivo!


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