Incoerência

Na mesma semana em que o presidente Lula acrescentou artigos importantes ao Estatuto do Torcedor, especialmente aquele que pune os malditos cambistas, percebemos que ainda andamos para trás em uma série de coisas. Exatamente por não ter garantias de segurança (outro item passível de punição em um novo artigo, que pune os responsáveis), Atlético e Cruzeiro vão fazer um clássico de uma torcida só - no caso, a do Galo, mandante do jogo. A partida, por si só, tem um fator desanimador por ser em Sete Lagoas, em um estádio com diversos problemas e que vai abrigar, no máximo, pouco mais de 18 mil torcedores. Uma lástima para quem se acostumou a ver o Mineirão cheio e vibrante com os gritos de duas torcidas. E, pior ainda, no returno, o fato se repetirá. Talvez não em Sete Lagoas, mas em outro estádio menor do interior de Minas, desta vez apenas para cruzeirenses.

Estamos a quatro anos da Copa do Mundo e não conseguimos criar condições para fazer um estádio ser dividido por duas das maiores torcidas do Brasil. Não consigo conceber um clássico para uma torcida apenas e justamente pelo fato de ser perigoso. Temo muito pelo o que esses perigosos torcedores possam fazer fora do estádio, onde também os responsáveis deveriam dar todas as garantias.

Uma série de equívocos que só comprova o tanto que estamos atrasados. Dois clubes que vão jogar para uma só torcida, longe da sua cidade, porque o planejamento inicial (reforma imediata do Independência pós-fechamento do Mineirão) não foi cumprido. Perdem os clubes, perdem os torcedores, perde o futebol brasileiro.

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